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COMO EVOLUI?
De que tipos de crises (acessos ou
fases) sofrem as pessoas com Doença Bipolar? Com que frequência voltam a
ter recorrências, a sofrer novas crises? Algumas pessoas têm um número
igual de crises de euforia ou excitação irritável (mania) e de
depressão. Outras têm principalmente crises de um tipo, de depressão ou
de euforia. Em média, uma pessoa que sofre de Doença Bipolar tem quatro
crises durante os primeiros 10 anos da doença. Embora possa haver um
intervalo de anos entre duas ou três primeiras crises, a sua frequência é
maior se não se fizer o tratamento estabilizador apropriado. As crises
podem corresponder às mudanças de estação em padrões variáveis, no
"rebentar" e no "cair" da folha, no Inverno e no Verão. Algumas pessoas
têm crises frequentes ao longo do ano, por vezes, mesmo, ciclos
ininterruptos de euforia e depressão. As primeiras crises podem ser
desencadeadas por factores emocionais ou stress, mas à medida que a
doença evolui, se a pessoa não fizer o tratamento estabilizador
(preventivo), as crises podem surgir com maior frequência e sem factores
precipitantes dignos de relevo.
As crises podem durar dias, meses ou
mesmo anos. Em média, sem tratamento, as fases de mania e hipomania
(euforia leve) duraram poucos meses, enquanto as depressões arrastam-se
muitas vezes por mais de seis meses. Há designações especiais para cada
forma de evolução da Doença Bipolar:
Bipolar I
A pessoa sofre crises de mania ou
crises mistas(sintomas de depressão e mania misturados) e, quase sempre,
também tem fases depressivas. As crises voltam a repetir-se excepto se
fizer o tratamento preventivo.
Bipolar II
A pessoa tem crises depressivas graves e
fases leves de elevação do humor (hipomania). As crises de elevação do
humor podem não ser identificadas ou referidas porque o doente se sente
"acima do normal" com muita energia e alegria, sem perturbações óbvias.
Se o tratamento for só para a depressão, com uma medicação
exclusivamente com antidepressivos, não se verifica uma estabilização,
podendo surgir crises frequentes e uma viragem do humor.
Ciclos Rápidos
A pessoa tem pelo menos quatro crises
por ano, em qualquer combinação de fases de mania, hipomania, mistas e
depressivas. Corresponde a uma evolução que atinge entre 5 e 15% dos
doentes com Doença Bipolar. Pode, em alguns casos, resultar de uma
terapêutica demasiado intensiva e prolongada com antidepressivos, em vez
da adequada terapêutica de estabilização do humor.
COMO SE TRATA A DOENÇA BIPOLAR?
Naturalmente, as indicações que aqui
ficam são as essenciais para o reconhecimento da doença pelo doente e os
familiares, mas não devem levar a minimizar o papel do médico
psiquiatra, elemento chave no tratamento. Pelo contrário, o melhor
conhecimento e reconhecimento da doença e dos aspectos gerais do
tratamento visa permitir uma colaboração mais activa entre todos,
doente, família, médico psiquiatra, médico de família e outros técnicos
de saúde (enfermeiro, psicólogo, técnico de serviço social).
No tratamento da Doença Bipolar há que
ter em conta, por um lado, as fases agudas e, por outro, a estratégia de
prevenção das crises. Quando o doente sofre uma crise de depressão, de
mania, hipomania, ou mista, precisa de ser tratado na fase aguda com a
terapêutica apropriada antidepressiva, anti-maníaca ou antipsicótica,
sendo necessária, em muitos casos, a hospitalização no período crítico.
Depois de tratada a fase aguda e na continuidade do seu tratamento,
inicia-se a terapêutica preventiva das crises para evitar que voltem a
ocorrer. Para que o tratamento seja eficaz é necessária uma medicação
(tanto para a fase aguda como para a estabilização da doença),
acompanhada de uma educação do doente e dos familiares (sobre a doença,
os medicamentos, a necessidade de aderir ao tratamento, modificação de
hábitos nocivos). Pode ser benéfico um apoio psicológico para o doente e
seus familiares (como lidar com os problemas e o stress, etc).
A MEDICAÇÃO?
Os medicamentos mais importantes no
tratamento dos sintomas da Doença Bipolar são os estabilizadores do
humor e os antidepressivos. Mas o médico pode ter necessidade de
receitar outros medicamentos, como os antipsicóticos, os ansioliticos e
os hipnóticos. Para a prevenção das crises e a estabilização da doença
são essenciais os medicamentos designados, com toda a propriedade,
estabilizadores do humor. É importante agora dar algumas informações
sobre estes últimos medicamentos.
O QUE SÃO E QUAIS SÃO OS ESTABILIZADORES DE HUMOR?
Os medicamentos estabilizadores do
humor são a base essencial da terapêutica preventiva das fases
depressivas e eufóricas da Doença Bipolar. A sua descoberta e utilização
revolucionou o tratamento da doença, permitindo a muitas pessoas o
controle da Perturbação Bipolar através de uma prevenção das crises. A
par desta acção terapêutica essencial, os estabilizadores do humor
também são utilizados para o tratamento das crises de mania, hipomania e
estados mistos e podem atenuar os sintomas de depressão.
Há, presentemente, três estabilizadores do humor comprovadamente eficazes:
- O Lítio, comercializado, em Portugal, no medicamento Priadel;
- O Valproato, comercializado nos medicamentos Diplexil R e Depakine;
- A Carbamazepina (Tegretol).
Cada um destes três estabilizadores do
humor tem diferentes acções químicas no organismo. Se um não for eficaz
no tratamento ou tiver efeitos adversos persistentes o médico tem a
possibilidade de escolher outro, ou de combinar dois em doses que
permitam uma melhor tolerância e eficácia. Há análises para determinar o
nível sanguíneo dos três estabilizadores do humor, permitindo o
controle correcto da dose em cada doente.
Prevenção, eis a palavra-chave. Os
estabilizadores do humor (lítio, valproato, carbamazepina) são a base de
prevenção. Cerca de um terço das pessoas com Doença Bipolar ficam
completamente livres de sintomas com a manutenção estabilizadora
apropriada. A maioria das pessoas beneficia de uma grande redução no
número e na gravidade das crises. O médico poderá ter de fazer um acerto
da medicação ou uma outra combinação terapêutica caso se continuem a
verificar crises de mania ou depressão. Caso a medicação não seja 100%
eficaz, não fique desencorajado: a informação rápida do médico sobre
sintomas de instabilidade é essencial para um ajustamento terapêutico
que previna a eclosão de uma crise. O doente nunca deve recear informar o
médico sobre quaisquer mudanças de sintomas, pois dessa informação
precoce depende o controle da doença. Se sentir mudanças no sono, na
energia (aumento ou diminuição), no humor (alegria excessiva,
irritabilidade ou tristeza) e no seu comportamento e relações com
pessoas, será melhor contactar com o médico sem demora.
A manutenção da medicação é outro
aspecto essencial. Os medicamentos controlam, mas não curam a Doença
Bipolar. Ao parar a medicação estabilizadora, mesmo depois de muitos
anos sem crises, há um sério risco de uma recaída passadas algumas
semanas ou meses. E, em alguns doentes, a retoma da medicação pode não
se acompanhar dos mesmos bons resultados anteriores. A decisão de
interromper a medicação caberá ao médico, em função de circunstância que
a tal aconselham, como é o caso de uma gravidez. |
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