Neuropsicologia
Escrito
por Michelle de Sousa Fontes Martins
Categoria:
Neuropsicologia
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Há um
grande questionamento sobre a percepção que temos do mundo: O mundo existe por
que percebemos ou percebemos o mundo que existe? Os neurocientistas acreditam
que percebemos apenas uma parte do mundo ao nosso redor e que seria impossível
captarmos todos os eventos existentes e que acontecem ao mesmo tempo.
Cada pessoa percebe o mundo ao seu redor de maneira
diferente. Isso se dá porque além dos neurônios serem ligeiramente diferentes,
nosso genoma é distinto e nós somos submetidos a diferentes experiências. A
experiência prévia é importante para a acuidade de nossos sentidos. A mesma
pessoa pode ter diferentes percepções de uma mesma coisa, dependendo de seu
estado fisiológico (pessoas que fazem uso de álcool ou drogas) e psicológico
(pessoas que estão em estado depressivo, maníaco, psicose entre outros).
Precisamos fazer um diferencial entre percepção e sensação. A
sensação é a capacidade de codificar certos aspectos da energia física e
química que nos circunda, representando-os como impulsos nervosos capazes de
serem compreendidos pelos neurônios, ou seja, é a recepção de estímulos do meio
externo captado por algum dos nossos cinco sentidos: visual, auditiva, tátil,
olfativa e gustativa. A sensação permite a existência desses sentidos.
Já a percepção é a capacidade de interpretar essa sensação,
associando informações sensoriais a nossa memória e cognição, de modo a formar
conceitos sobre o mundo e sobre nós mesmos e orientar nosso comportamento. Por
exemplo, um som é captado pela nossa sensação auditiva, mas identificar se esse
som é uma voz humana, uma buzina ou um barulho de algo quebrando, fica a cargo
da nossa percepção auditiva. Da mesma forma, quando eu vejo um objeto captado
pela minha sensação visual, a percepção visual vai interpretar e associar
aquela imagem a um conceito, onde eu posso estar vendo um sofá, um rádio ou
mesmo um animal de estimação.
Então, a percepção é diferente da sensação. A percepção
possui ainda uma característica chamada constância perceptual. Para os nossos
sentidos, cada posição do objeto (perto, longe, claro, escuro) produz uma
imagem visual diferente, mas para a percepção trata-se do mesmo objeto. A
percepção é apenas uma consequência da nossa sensação e nem sempre está
inteiramente disponível a nossa consciência, pois é filtrada pelo mecanismo da
atenção, sono e emoção.
A percepção está ligada aos nossos cinco sentidos e ainda
temos a percepção temporal, espacial e propriocepção.
Percepção visual: uma das
percepções mais desenvolvidas nos seres humanos e é caracterizada pela recepção
de raios luminosos pelo sistema visual. O princípio do fechamento (Gestalt) é
melhor compreendido em relação a imagens do que a outras formas de percepção. A
percepção visual compreende a percepção de formas, relações espaciais
(profundidade), cores, movimentos, intensidade luminosa.
Percepção auditiva: também
considerada uma das percepções mais desenvolvida nos seres humanos. É a
percepção de sons pelos ouvidos e uma aplicação particularmente importante da
percepção auditiva é a música. A percepção auditiva compreende: percepção de
timbres, alturas ou freqüências, intensidade sonora ou volume, ritmo e
localização auditiva, sendo um aspecto associado a percepção espacial que
permite distinguir o local de origem do som.
Percepção gustativa:
importante para nossa sobrevivência, evitado que ingerimos alimentos
estragados. O paladar é o sentido dos sabores pela língua, sendo o principal
fator dessa modalidade de percepção a discriminação dos sabores doce, amargo,
azedo e salgado.
Percepção olfativa:
importante na afetividade (memória olfativa) e também na nossa alimentação. O
olfato é a percepção de odores pelo nosso nariz. A percepção olfativa engloba a
discriminação de odores, o que diferencia um odor do outros e o efeito de sua
combinação. O alcance olfativo nos seres humanos é limitado.
Percepção tátil: também
importante na afetividade e é sentido pela pele do corpo todo, embora sua
distribuição não seja uniforme. Os dedos da mão possuem uma discriminação muito
maior do que as demais partes, assim como algumas áreas são mais sensíveis ao
calor que outras. A percepção tátil permite reconhecer a presença, a forma e o
tamanho dos objetos em contato com o corpo, bem como sua temperatura.
Importante também na percepção da dor.
Percepção temporal: Não
existem órgãos específicos para a percepção de tempo e esbarra no próprio
conceito da natureza do tempo. Essa percepção é desenvolvida com as próprias experiências
e é adquirida com o passar das idades. Por este motivo, crianças pequenas não
dominam esta percepção e por vezes, ficam confusas com questões do tempo
(ontem, amanhã, daqui a dois dias, no próximo final de semana). Isso explica o
porquê das crianças terem a sensação de que o tempo demora muito a passar.
Percepção espacial: Também
não possuímos órgãos específicos para esta percepção. Envolve a percepção de
distância e do tamanho relativo dos objetos. Utiliza-se de outras percepções
como a auditiva, a visual e a temporal. Esta percepção nos permite distinguir
se um som procede especificamente de um objeto visto e se esse objeto (ou som)
está se aproximando ou se afastando. Por exemplo, sabemos exatamente se um
carro de som está passando pela nossa casa e seguindo a rua, ou se está subindo
a rua e ainda passará pela nossa casa.
Percepção Propriocepção: Esta é
uma percepção específica dos seres humanos, onde nos permite reconhecer a
localização espacial do nosso corpo, sua posição e a orientação, sem utilizar a
visão. Está ligada ao sistema vestibular do nosso ouvido interno, permitindo a
manutenção do equilíbrio e a realização de diversas atividades práticas.
Podemos correr e nos desviar de objetos pelo caminho sem perder o equilíbrio.
Podemos saber se uma roupa vai nos vestir, só em olhar suas medidas. Sabemos
que podemos passar por um lugar apertado ou baixo sem ao menos estarmos perto,
isso nos permite desviar, abaixar ou procurar outro caminho.
As Desordens Da Percepção
As desordens da percepção são chamadas agnosias, termo
derivado do grego gnosis, que significa conhecimento. Este termo foi
cunhado pela Psicanálise por Sigmund Freud. As agnosias, geralmente, são
causadas por lesões no córtex cerebral e dependem da região lesionada. São
exemplos de Agnosias:
- Prosopagnosia – agnosia visual, incapacidade de reconhecer faces.
- Amusia – agnosia auditiva, incapacidade de reconhecer sons musicais.
- Afasia receptiva – ou agnosia verbal, cujo portador deixa de compreender a fala emitida por seus interlocutores.
- Assomatognosia ou Síndrome da indiferença – agnosia somestésica, incapacidade de reconhecer partes do seu corpo ou mesmo regiões inteiras do espaço extracorporal.
- Acinetópsia – perda da percepção de movimento. O movimento das coisas e pessoas parece fragmentado, como num filme com defeito.
- Acromatópsia – incapacidade de perceber cores.
Fonte: http://artigos.psicologado.com/neuropsicologia/a-sensacao-a-percepcao-e-as-desordens-da-percepcao#ixzz2DyMDOPbj
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