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Acreditar que um chapéu de alumínio pode impedir os outros de lerem seus pensamentos ou de mandarem mensagens por telepatia é um exemplo de possível ritual mágico esquizotípico (Critério 2 do DSM-IV). [1] | |
CID-10 | F21 |
CID-9 | 301.22 |
Índice |
Causas
Teoria genética
Embora listado no Eixo II da última edição do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-IV-TR) - o guia americano amplamente usado por médicos à procura de um diagnóstico de doenças mentais, o transtorno de personalidade esquizotípica é geralmente compreendido como um transtorno do espectro da esquizofrenia. Estatísticas de indivíduos contendo este transtorno são muito maiores naqueles aparentados com portadores de esquizofrenia do que em portadores de outras doenças mentais ou mesmo em famílias sem nenhuma delas. Tecnicamente falando, o transtorno de personalidade esquizotípica é um "fenótipo estendido" que ajuda os geneticistas a rastrear a transmissão genética ou familiar dos genes que estão implicados na esquizofrenia.[2]Existem vários estudos demonstrando que indivíduos com transtorno de personalidade esquizotípica obtém resultados de maneira parecida àqueles com esquizofrenia em uma larga variedade de testes neurofisiológicos. Déficits cognitivos em pacientes com transtorno de personalidade esquizotípica são muito semelhantes, só que mais moderados, àqueles com esquizofrenia.[3]
Aspectos Sociais / Ambientais
Pessoas com transtorno de personalidade esquizotípica, assim como pacientes com esquizofrenia, podem ser bem sensíveis a críticas pessoais e hostilidade, e existem evidências que atualmente sugerem que certos modos de educação familiar, separação precoce, e negligência infantil podem levar ao desenvolvimento de traços esquizotípicos. [4][5]As crenças delirantes e paranoicas variam muito dependendo do ambiente e devem ser analisadas dentro do contexto sociocultural do indivíduo. É comum que sejam sobre teorias de conspiração sobre o governo, alienígenas e/ou facções políticas, porém é comum também que envolvam questões religiosas como demônios, espíritos, divindades e poderes sobrenaturais. Quando envolve questões religiosas só é considerada um transtorno quando não sejam socialmente compartilhadas e causem prejuízo e sofrimento significativos a si mesmo ou sejam violentos em relação a outros. O tratamento deve ser voltado não a eliminar a crença, e sim em minimizar o prejuízo, sofrimento, violência relacionados às ideias delirantes.
Critérios de diagnóstico
O diagnóstico é baseado nas experiências reportadas pelo paciente, como também marcadores do transtorno observados por um profissional da saúde mental. A lista de critérios, que precisam ser alcançados para o diagnóstico, está descrita no DSM-IV.- Critérios do DSM-IV
Os critérios são (pelo menos cinco):
- Ideias de referência (excluindo delírios de referência);
- Crenças bizarras ou pensamento mágico que influenciam o comportamento e são inconsistentes com as normas da subcultura do indivíduo (por ex., superstições, crença em clarividência, telepatia ou "sexto sentido"; em crianças e adolescentes, fantasias e preocupações bizarras);
- Experiências perceptivas incomuns, incluindo ilusões somáticas;
- Pensamento e discurso bizarros (por ex., vago, circunstancial, metafórico, superelaborado ou estereotipado);
- Desconfiança ou ideação paranóide;
- Afeto inadequado ou constrito;
- Aparência ou comportamento esquisito, peculiar ou excêntrico;
- Não tem amigos íntimos ou confidentes, exceto parentes em primeiro grau;
- Ansiedade social excessiva que não diminui com a familiaridade e tende a estar associada com temores paranóides, ao invés de julgamentos negativos acerca de si próprio;
- Critérios do CID-10
Segundo o CID-10, são necessários pelo menos 4 destes sintomas, manifestados por um período de pelo menos dois anos, contínua ou repetidamente (e o paciente nunca deve preencher os critérios para algum transtorno na categoria F20, de esquizofrenia):
- Afeto inapropriado ou restrito, o indivíduo parece frio e indiferente;
- Comportamento ou aparência estranhos, excêntricos ou peculiares;
- Relacionamento pobre com outros e uma tendência ao retraimento social;
- Crenças estranhas ou pensamento mágico influenciando o comportamento e inconsistente com normas subculturais;
- Suspeita ou ideias paranoides;
- Ruminações sem resistência interna, muitas vezes com conteúdo dismorfofóbico, sexual ou agressivo;
- Experiências perceptivas incomuns, incluindo ilusões somato sensórias (corporais) ou outras, despersonalização ou fuga de realidade;
- Pensamento vago, circunstancial, metafórico, super elaborado ou muitas vezes estereotipado, manifesto por fala estranha ou de outros modos, sem incoerência grosseira;
- Episódios ocasionais transitórios quase psicóticos com ilusões intensas, alucinações auditivas ou outras e ideias semelhantes a delírios, geralmente ocorrendo sem provocação externa;
O transtorno de personalidade esquizotípica segue um curso crônico com flutuações de intensidade. Ocasionalmente, ela evolui para esquizofrenia franca. Não há um indício definido, e sua evolução e curso são usualmente aqueles de um transtorno de personalidade.
- Orientações Diagnósticas
- Comorbidades comuns
Prevalência
O transtorno de personalidade esquizotípica ocorre em 3% da população geral e é um pouco mais comum em homens.[10]Tratamento
Frequentemente eles buscam terapia para transtornos afetivos, ansiosos ou sociais, sendo o mais comum depressão maior (cerca de 30 a 50% dos casos).[1]O terapeuta não deve desafiar e contrariar diretamente as crenças e pensamentos socialmente inadequados. Primeiro ele deve oferecer um ambiente acolhedor, solidário e dar atenção ao cliente procurando estabelecer um sentimento de confiança e segurança, pois trata-se de um indivíduo que carece de um sistema adequado de apoio social e normalmente não consegue estabelecer interações sociais saudáveis por causa de ansiedade extrema e por possuir pouca experiência formando amizades duradouras.[12] Muitas vezes o paciente relata sensação de ser "diferente" e não se "encaixar" com os outros com facilidade, geralmente por causa de suas crenças e hábitos não compartilhados socialmente. A terapia é difícil e os resultados demoram a aparecer.
Treinamento de habilidades sociais e outras abordagens comportamentais que enfatizam a aprendizagem das noções básicas das relações sociais e interações sociais podem ser benéficas. Deve-se ensinar o paciente a questionar suas próprias crenças e a buscar evidências sólidas para sustentá-las. Para isso o terapeuta pode se mostrar interessado e disposto a acreditar nas mesmas crenças do paciente desde que ele produza evidências, estimulando-o assim a fazer testes de realidade e questionando de forma educada se aquelas evidências são a explicação mais provável ou se existem outras possibilidades e explicações possíveis. Terapia em grupo pode ser útil para estimular o treino de habilidades sociais, porém a desconfiança e suspeitas podem tornar ajuda em grupo e dinâmicas ineficientes ou até prejudiciais.[12]
Durante períodos estressantes em que ocorram alucinações e delírios constantes, indicando excesso de estimulação neurológica por neurotransmissores, antipsicóticos podem servir para estabilizar o sistema dopaminérgico.[13] Antidepressivos também podem ajudar a controlar a ansiedade, desânimo, melhorando o humor e assim diminuir a frequência de pensamentos desagradáveis recorrentes e incontroláveis de medo e angústia.