Um caso clássico de esquizofrenia.
A mãe da moça, abandona a carreira de bailarina para cuidar dela quando nasce.
Mas,
faz isso odiando esta decisão e joga a culpa na própria filha.
(Chamamos isso de relação de duplo vínculo e gera esquizofrenia sim.)
A
mãe controla e domina a filha forçando-a a ser bailarina para realizar
seu sonho frustrado (chamado de ideal narcísico dos pais).
A
filha, fica sem vida própria, e não suporta esta cisão entre mãe boa
que cuidou dela e mãe má que obriga-a sofrer pelo enorme esforço de se
tornar a melhor bailarina.
Isto
gera a cisão do ego em dois comportamentos antagônicos. As alucinações
que a filha sofre, como na cena das pinturas se mexendo, ou na cena em
que ela acha que mata a amiga com o pedaço do espelho, ou mesmo no pé se
transformando em nadadeira, surgem devido a energia acumulada pela
tensão do seu conflito interno que é deslocado para os sentidos,
especialmente a visão e audição, sendo convertida em alucinações que
para o esquizofrênico, são percebidas como reais. (Isto acontece porque o
conflito emocional se dá no sistema límbico, onde cruzam os nervos
ópticos e auditivos).
A filha é desprovida de personalidade própria, nem é a menina meiga e nem o malévola cisne negro, porque é apenas uma marionete da mãe.
Estes
2 comportamentos se alternam e são meras atuações do conflito interno e
surgem diante do acúmulo de tensão conforme se aproxima de conseguir
realizar o seu desejo real.
A
filha deseja o amor da mãe, mas é frustrada porque percebe que não é
amor que recebe, e sim que a mãe quer realizar o seu ideal narcísico as
custas de sua vida própria. Então odeia isso.
Mas, a censura (superego) diz: não se pode odiar a mãe. Então a filha reprime este ódio no inconsciente.
Mas o ódio reprimido vai se acumulando e retorna gerando o conflito emocional entre amar e odiar a mãe.
Não
sendo capaz de integrar estas duas emoções de igual força, a filha atua
os 2 comportamentos, numa personalidade esquizóide (dividida), até
começar a ter as alucinações (frenesi), que resulta no quadro de
esquizofrenia.
A
"amiga alucinatória" representa a própria mãe. É formada pelo desejo de
ter uma mãe que a ensinasse ter a própria vida: a ser sociável, fazer
amigos, gozar...
Assim
como o coreógrafo representa o pai, que ela também odeia por ele ser
ausente. (não me lembro de nada sobre o pai da moça, creio que foi uma
relação casual da mãe.)
Veja como o ódio e a destrutividade reprimidos formam reativamente o aspecto virginal.
Por isso que eu sempre digo, se alguém é "muito bonzinho" preste atenção em dobro. Está escondendo muito ódio.
O
desejo real da filha é ter o amor da mãe, (porque se a mãe a amasse,
prevaleceria a mãe boa e a filha poderia integrar o seu ego ao invés de
cindi-lo), mas o conflito interno evolui ao ponto que ela se fere mortalmente,
durante um surto alucinatório, especialmente para representar a cena da
morte do cisne, morrendo na realidade, mas com perfeição, atendendo ao
desejo da sua mãe, de ser uma bailarina perfeita, para se sentir amada
pela mãe.
Muito boa sua analise do filme.
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