domingo, 22 de janeiro de 2012

Como tratar a dependência química?

Como tratar a dependência química?

Não existe um tratamento universal, que sirva para todas as dependências nem para todos os indivíduos. No entanto, após estudos sobre a eficácia/efetividade de várias formas de tratamento, o NIDA (National Institute for Drug Abuse – órgão do governo americano que regula as políticas sobre drogas), em um documento chamado “Princípios para o tratamento da adição: um guia baseado em evidências”, estabeleceu 13 princípios que podem servir de base ou guia na hora de avaliar serviços de tratamento.
São eles:
  1. Não existe “o melhor tratamento”, existem práticas mais eficazes que outras. Os indivíduos podem desenvolver dependências por vários motivos, então não há como estabelecer um protocolo de tratamento universal.
  2. O tratamento deve estar disponível prontamente. A motivação para o tratamento é a maior dificuldade no tratamento das dependências. Ter um serviço pronto para receber o dependente no momento em que ele está disposto a deixar a substância é fundamental.
  3. O tratamento efetivo abrange todos os aspectos da vida do indivíduo, não apenas a dependência química. O dependente químico é um indivíduo que desenvolve vários papéis: na família, no trabalho, no estudo, na sociedade. Atender essas necessidades é importante para garantir a recuperação.
  4. O tratamento do indivíduo deve ser avaliado continuamente e modificado quando necessário para garantir que o plano esteja adequado às necessidades. Com o passar do tempo, o plano deve ser readequado e as estratégias, repensadas. A abordagem deve ser adequada à idade, gênero, cultura e situação social da pessoa.
  5. Permanecer no tratamento pelo tempo adequado é um fator crítico. As pessoas geralmente abandonam o tratamento prematuramente, portanto os programas devem possuir estratégias para aumentar o engajamento e manter os pacientes no processo.
  6. Aconselhamento (individual ou em grupo) e outras terapias comportamentais são componentes críticos de um tratamento eficaz para a dependência. A terapia tem como objetivo resolver questões de motivação, ajustamento, treinamento de habilidades e melhorar a capacidade de resolução de problemas. Também facilita as relações interpessoais e a convivência em comunidade.
  7. A medicação é uma parte importante do tratamento para muitos pacientes, especialmente quando combinada com aconselhamento e outras terapias comportamentais. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, a medicação pode ajudar na promoção e na manutenção de abstinência para muitos pacientes. Para pacientes com outros transtornos mentais, tanto a terapia quanto a medicação são fundamentais.
  8. Indivíduos dependentes ou abusadores de drogas com comorbidades devem ter as duas condições tratadas de forma integrada. Geralmente, a dependência química está associada a outro transtorno clínico (p.ex.: depressão, transtorno bipolar I ou II, esquizofrenia) ou da personalidade. Mais que determinar quem veio primeiro, é importante tratar de forma integrada o indivíduo (ao contrário do tratamento da condição por si só).
  9. A desintoxicação é apenas o primeiro passo do tratamento da dependência e, sozinha, tem pouco efeito no longo prazo. A desintoxicação, com uso de medicamentos para eliminar sintomas agudos de abstinência, é extremamente recomendada para algumas pessoas mas não garante a abstinência no longo prazo.
  10. O tratamento não precisa ser voluntário para ser eficaz. Esse é o princípio mais polêmico. O uso de drogas afeta a motivação pessoal. Estudos não encontram diferença no longo prazo entre pessoas que buscaram a abstinência por conta própria ou aquelas que foram levadas a tratamento por suas famílias ou pelo sistema judiciário.
  11. É possível que haja algum uso de substância durante o tratamento e isso deve ser monitorado constantemente. Lapsos podem acontecer durante o tratamento, o que justifica o monitoramento constante (inclusive através de testes de laboratório). Pacientes que tenham recaídas devem usar esses episódios para aprenderem a conviver com a proximidade das drogas mantendo uma distância segura.
  12. Os programas de tratamento devem avaliar HIV/AIDS, hepatite B e C, tuberculose e outras doenças infecto-contagiosas, bem como prover aconselhamento para evitar ou modificar comportamentos de risco. O aconselhamento pode ajudar os pacientes a evitar comportamentos de alto risco (compartilhamento de seringas ou cachimbos, sexo sem proteção).  Além disso, é importante auxiliar as pessoas que já convivem com essas doenças.
  13. A recuperação da dependência química é um longo processo e frequentemente requer vários episódios de tratamento. Como outros pacientes crônicos, dependentes químicos estão sujeitos a lapsos que podem acontecer após períodos de sucesso do tratamento. O acompanhamento de longo prazo, em grupos de auto-ajuda e aconselhamento, pode aumentar o sucesso do tratamento e diminuir as chances dos lapsos se tornarem recaídas.
Além da literatura indicada em meio ao post, você pode saber mais sobre dependência química visitando os seguintes sites:

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