DEFINIÇÕES DE TERMOS PSICANALITICOS
Ab-reação — Descarga emocional que se produz pela lembrança e
verbalização de um fato ou idéia que contenha um conteúdo afetivo
inconsciente. A carga afetiva (medo, vergonha, desgostos, etc.), que foi
retida no momento do acontecimento, se mantém ligada à representação
dele, podendo ser descarregada, num processo que se assemelha à catarse.
Pode ser provocada sob hipnose.
Afeto — Termo que em psicanálise exprime qualquer estado
afetivo ou emocional, penoso ou agradável, vago ou qualificado, quer se
apresente como uma descarga maciça, quer como tonalidade geral.
Agressividade (agressão) — Freud considera a agressividade
como um impulso inato no homem, em conseqüência do qual "o próximo não
representa para ele somente um auxiliar e objeto sexual, mas também uma
tentação para libertar suas tendências agressivas contra ele". Como ação
específica de uma pulsão, a agressividade não é somente uma busca de
destruição do objeto (atacar), mas também a mobilização com vista a
realizar uma tarefa, sem matiz de destruição (atacar um problema). Nos
últimos escritos de Freud, a agressão é derivada do instinto de morte,
em oposição ao instinto sexual ou instinto de vida, Eros. O
desenvolvimento de Eros neutralizaria a agressão.
Associação Livre — A regra da associação livre é a regra
fundamental do tratamento psicanalítico. Através desta regra, o paciente
deve verbalizar, indiscriminadamente, todos os pensamentos que lhe
ocorrem, seja por exemplo uma lembrança do passado, um fato acontecido
hoje, a imagem de um sonho, uma paisagem ou um número. Visa eliminar a
seleção voluntária de pensamentos e o controle consciente dos assuntos
relatados.
Ato falho (parapraxia) — Em psicanálise, atos falhos são um
conjunto de fenômenos que se produzem no momento em que um indivíduo se
exprimir ou proceder diferentemente do que tenciona fazer. Engloba erros
de expressão (lapsos), de leitura ou de audição, esquecimento de
palavras, perdas incompreensíveis de objetos familiares. Geralmente são
incidentes aparentemente insignificantes, que não têm conseqüências
práticas. Muitas pessoas explicam os atos falhos por falta de atenção,
acaso, cansaço, etc. Para Freud os atos falhos são formações de
compromisso, que nascem da oposição de duas tendências ou intenções
concorrentes, uma das quais é manifesta (ou aparente) e a outra é
latente (ou inconsciente). Através do ato falho o indivíduo resolve este
conflito, manifestando de maneira deformada a tendência latente.
Bissexualidade — Noção primeiramente descrita por Wilhelm
Fliess e depois assumida e desenvolvida por Freud, que inclui aspectos
genéticos, embriológicos, anatômicos e psíquicos, segundo os quais todos
os indivíduos, sejam homens ou mulheres, mantém vestígios do sexo
oposto, embora, no curso de sua evolução, se orientem para uma
predominância monossexual. Dessas predisposições e das decorrentes
identificações que o indivíduo assume no seu desenvolvimento, define-se a
sua heterossexualidade ou homossexualidade, permanecendo contudo sempre
presentes aspectos secundários relacionados à sua predisposição
bissexual inata.
Catarse — (terapêutica ou terapia catártica, método catártico)
— No início da psicanálise, falava-se de tratamento catártico em
relação com a hipnose. Trata-se da liberação ou descarga emocional
(ab-reação) de afetos retidos no inconsciente, pela rememoração e
verbalização de uma representação esquecida, geralmente associada a uma
cena traumática. Freud se interessou por esse método e posteriormente
apontou seus limites e perigos.
Catexia (investimento psíquico) — Faz alusão, em psicanálise, à
união da energia psíquica com um objeto externo ou interno, uma
atividade, uma parte do corpo, uma idéia, etc., fazendo a representação
mental desse construtor psicológico ser dotada de maior ou menor valor
psíquico e lhe dando maior ou menor importância dinâmica. Descatexizar
ou desinvestir é retirar desse objeto a energia psíquica a ele ligada,
que fica assim disponível para ser reinvestida em outro objeto.
Censura — Função de controle que regula o acesso à consciência
dos desejos inconscientes ou também a passagem de conteúdos
pré-conscientes ao consciente. A censura cumpre, em relação ao ego, uma
exigência normativa de seleção e deformação do material inconsciente;
possui o poder de proibir e reprimir. Os atos falhos (parapraxias) e os
sonhos são expressões do inconsciente que "escapam" parcialmente da ação
da censura.
Complexo de castração — Ocorre em resposta aos afetos contidos
na situação psíquica do complexo de édipo. Os meninos temem, na
fantasia, a castração como realização de uma ameaça paterna, pela
rivalidade e hostilidade que eles próprios sentem em relação ao pai e
pela culpa secundária aos desejos sexuais que sentem pela mãe. Daí
decorre uma intensa "angústia de castração" que introduz o menino no
mundo das leis e das proibições, abrindo assim o caminho para o seu
desenvolvimento socializado. Na menina, a ausência do pênis é sentida
como um dano sofrido, uma falta importante que ela procura negar,
compensar ou reparar.
Complexo de édipo — édipo, segundo a mitologia grega narrada
por Sófocles (édipo Rei), estava amaldiçoado e deveria vir a matar seu
próprio pai e casar com sua própria mãe. Ao descrever a relação da
criança (entre os três e os cinco anos) com seus pais, na fase fálica do
desenvolvimento sexual infantil, Freud percebeu a presença de desejos
amorosos e hostis, contraditórios porém complementares, dirigidos pela
criança a seus genitores. Genericamente, predomina o amor pelo genitor
do sexo oposto e a raiva e rivalidade pelo genitor do mesmo sexo. A
inviabilidade de concretizar esses desejos libidinosos incestuosos e
agressivos permite a repressão dos mesmos, que assim se tornam
inconscientes acompanhando, contudo, a pessoa por toda a vida. O
conceito evoluiu e ganhou uma expressão importante e complexa dentro da
psicanálise, sendo a forma acima descrita a mais simplificada possível.
Compulsão à repetição — Tendência a repetir determinados
padrões de comportamento, reações infantis etc., pelos quais o indivíduo
se coloca altivamente em situações penosas, repetindo experiências
antigas de uma forma deslocada, tendo a impressão de que se trata de
algo somente motivado pela situação atual. Devido a seus determinantes
inconscientes, o paciente repete na transferência essas formas antigas,
clichês de comportamento, permitindo dessa forma a sua identificação e
interpretação pelo terapeuta. A conscientização da compulsão a repetir
determinados comportamentos permitirá ao paciente modificá-los.
Condensação — é a designação de um dos aspectos do trabalho do
sonho e também um dos modos essenciais do funcionamento dos processos
inconscientes. O relato do sonho manifesto em comparação com o seu
conteúdo latente constitui uma versão resumida. Na condensação, vários
elementos, objetos ou pessoas são representados por um só elemento,
objeto ou pessoa.
Conteúdo latente — Conjunto de significações que se referem ao
sentido inconsciente, descoberto através da análise. Se a tarefa de
toda a análise é descobrir progressivamente o sentido inconsciente,
pode-se pensar que a noção de conteúdo latente é "o conjunto do que a
análise revela sucessivamente".
Conteúdo manifesto — é o conteúdo do sonho expresso através da
sua narrativa, antes que esse conteúdo seja submetido ao trabalho
analítico de descoberta de seus significados inconscientes. O conteúdo
manifesto é, portanto, o conteúdo lógico, consciente.
Conflito (conflito psíquico) — Em psicanálise, fala-se de
conflito quando, no indivíduo, se opõem exigências internas contrárias;
quando não se produz a solução do conflito, surge a neurose. A
psicanálise considera o conflito como constitutivo do ser humano.
Ocorrem conflitos entre o desejo e a defesa, conflitos entre as
diferentes instâncias psíquicas (id, ego e superego), conflitos entre as
pulsões e por fim o conflito edipiano, onde se defrontam desejos
contrários que, em sua evolução normal, sucumbem a uma proibição. O
conflito sexual contido na antítese desejo-proibição do desejo (defesa)
cumpre o papel fundamental na dialética da história pessoal.
Defesa — Em psicanálise trata-se de um mecanismo psíquico,
consciente ou inconsciente, de natureza adaptativa, que a pessoa lança
mão para conservar-se e preservar a sua integridade, defendendo-se
contra aquilo que a ameaça tanto do exterior, quanto do interior. Freud
diferencia defesas normais e defesas patológicas. Uma mesma defesa, por
exemplo, a repressão, pode estar sendo utilizada de uma maneira normal
ou patológica, em relação a diferentes contextos. Entre os mecanismos
psíquicos de defesa destacam-se a repressão, a regressão, o isolamento, a
negação, a projeção, a formação reativa, etc.
Desejo — Na concepção dinâmica freudiana, o desejo é um dos
pólos do conflito defensivo. O desejo inconsciente tende a realizar-se,
buscando sempre a satisfação, o prazer (princípio do prazer). Se o
conflito encontra-se na base da vida psíquica e é a condição da
constituição de uma história pessoal, o desejo é precisamente o vetor
dinâmico, ao qual se opõe a defesa.
Deslocamento — é o fato de a acentuação, o interesse, a
intensidade de uma representação mental ser suscetível de se soltar dela
para passar a outras representações originariamente pouco intensas,
ligadas à primeira por uma cadeia associativa de idéias.
Ego — Noção utilizada para designar o centro psicológico da
personalidade. é uma instância psíquica que Freud, na sua segunda teoria
do aparelho psíquico (teoria estrutural), distingue do id e do
superego. Contém a parte consciente da mente humana, bem como os
mecanismos de defesa, sendo estes, muitas vezes, inconscientes. O ego
desempenha uma tarefa de autopreservação e adaptação, através da
vontade, da percepção, da memória e do controle dos movimentos
voluntários. Possibilita ao indivíduo o adiamento da satisfação dos
impulsos.
Eros — Termo pelo qual os gregos designavam o amor e o deus do
Amor. Freud utiliza-o na sua última teoria das pulsões para designar as
pulsões de vida em oposição às pulsões de morte (ver Pulsões). é a
noção psicanalítica para o princípio do prazer. No sentido biológico
corresponde ao impulso do amor ou sexual existente no corpo humano. A
energia impulsiva, daí resultante, é chamada de libido. Desta forma,
Eros é representado pela libido.
Falo — Representação simbólica, no inconsciente, da função do
pênis. Enquanto a palavra pênis tem presente a realidade anatômica do
sexo masculino, falo toma o sentido figurado de poder e potência.
Fantasia — Representações psíquicas que não correspondem a
fatos reais. Freud descobriu que o que seus pacientes contavam a
respeito de acontecimentos sexuais ocorridos na infância não assentava
muitas vezes em fatos reais, mas eram fantasias. Isto freqüentemente
ocorria com as cenas de sedução relatadas. Freud descobriu que essas
fantasias eram representantes disfarçados de desejos reprimidos. Daí
decorre a noção freudiana da realidade psíquica. "Os sintomas neuróticos
não se encontram em estreita ligação com acontecimentos reais, mas com
fantasias baseadas em desejos, e que no caso das neuroses a realidade
psíquica é mais importante do que a material" (Freud).
Fase — No seu desenvolvimento a criança passa por várias fases
de organização e desenvolvimento sexual, cada uma delas com
predominância de uma determinada zona corporal. Freud descreveu as fases
oral, anal, fálica e genital, segundo o predomínio da libido, na
organização psicossexual em cada uma destas fases.
Fixação — A libido, no desenvolvimento psicossexual de um
indivíduo, pode ficar ligada aos acontecimentos e vivências de uma
determinada fase de desenvolvimento. Essa fixação da libido pode
significar uma parada no desenvolvimento psicossexual, sendo um dos
fatores determinantes da forma como vai se manifestar uma neurose. A
fixação da libido pode, no futuro, abrir caminho para a regressão até
essa fase do desenvolvimento.
Fobia — Do grego PHOBOS = ansiedade. Medo doentio.
Hipnose — Sono artificial, que pode atingir até um estado de
sono profundo, produzido por sugestão e induzido pela pessoa do
hipnotizador no hipnotizado. A hipnose, acompanhada de influência
verbal, foi e ainda é, em determinadas circunstâncias, utilizada como
método terapêutico.
Histeria — é uma classe de neurose. Suas formas mais comuns
são a histeria de conversão, em que o conflito psíquico vem
simbolizar-se em sintomas corporais diversos como crises emocionais com
teatralidade ou outros sintomas mais duradouros como anestesias,
paralisias, aperto na garganta etc.; e a histeria de angústia, em que a
angústia é fixada de modo mais ou menos estável neste ou naquele objeto
exterior (fobias).
ld — é uma das instâncias psíquicas que Freud descreveu na sua
segunda teoria do aparelho psíquico (teoria estrutural), juntamente com
o ego e o superego. Pode ser definido como a mais antiga e inconsciente
das regiões do aparelho psíquico. Contém tudo que é herdado, o que está
estabelecido pela constituição e todos os impulsos originados na
organização somática. "A única qualidade que impera no id é a de ser
inconsciente." "O núcleo de nosso ser é formado pelo obscuro id, que não
tem relações diretas com o mundo externo e até só é acessível por meio
de outras agências da mente (...)." " o id obedece ao inexorável
princípio do prazer" (Freud). Do ponto de vista econômico, o id é para
Freud o reservatório primitivo da energia psíquica; o ego e o superego,
com os quais o id entra em conflito, seriam diferenciações dele,
estruturados na relação com o meio ambiente.
Identificação — processo psicológico pelo qual um indivíduo
assimila um aspecto, uma propriedade, um atributo do outro e se
transforma, total ou parcialmente, segundo o modelo dessa pessoa. A
personalidade constitui-se e diferencia-se por uma idéia de
identificações.
Impulso — Ver Pulsões.
Inconsciente — Para Freud, é inconsciente "todo o processo
psíquico cuja existência vem demonstrada por suas manifestações, mas da
qual, por outro lado, ignoramos tudo, apesar de que se desenvolve em nós
mesmos... todo processo que supomos ativado na atualidade, sem que ao
mesmo tempo saibamos nada a respeito dele". Na sua primeira teoria do
aparelho psíquico (teoria topográfica), seria a instância psíquica na
qual ficariam contidos todos os desejos reprimidos, proibidos e
censurados pela pessoa, afastados da sua percepção consciente.
Instinto — Na presente tradução das "Obras Completas" de
Freud, o uso do termo instinto equivale a impulso instintivo ou pulsão
(do alemão trieb); algumas vezes, na edição original alemã, aparece a palavra instinkt,
no sentido clássico, correspondente a um comportamento herdado, próprio
de uma espécie animal, que pouco varia de um indivíduo para outro. Esse
fato pode acarretar um risco de confusão entre a teoria freudiana das
pulsões e as concepções psicológicas do instinto animal, distorcendo e
anulando a originalidade da concepção freudiana, particularmente a tese
do caráter indeterminado da pulsão e a variabilidade de seus alvos
(objetos), o que explica o caráter inacabado e indeterminado do ser
humano.
Libido — (do latim, significa desejo, prazer) — Para Freud a
libido é a manifestação dinâmica, na vida psíquica, da pulsão sexual.
Tem relação com tudo aquilo que pode designar-se com a palavra amor.
Neurose — (palavra grega, relativa a "nervo") — Afecção
psicogênica na qual os sintomas são a expressão simbólica de um conflito
psíquico que tem suas raízes na história infantil do indivíduo e
constituem compromissos entre o desejo e a defesa. Há diferentes tipos
de neuroses, entre as quais a neurose obsessiva, a histeria e a neurose
fóbica.
Objeto — Em psicanálise, é o alvo, o objetivo para o qual se
dirige um impulso ou pulsão, seja sexual ou agressivo, com a finalidade
de obter uma satisfação. O objeto pode ser uma pessoa, parte de uma
pessoa (objeto pareial), um objeto real mesmo ou um objeto fantasiado. A
capacidade de esclarecer relações objetais e particularmente amor
objetal com outra pessoa evidencia um importante desenvolvimento da
personalidade de um indivíduo.
Parapraxia — Ver Ato falho.
Princípio do prazer — Toda a atividade psíquica tem por
objetivo, proporcionar prazer e evitar desprazer. O prazer está ligado à
redução das quantidades de excitação e o desprazer está relacionado ao
aumento da excitação. O organismo tende sempre à descarga das pulsões
instintivas, regido pelo princípio do prazer.
Princípio da realidade — é uma forma de adaptação do ego ao
princípio do prazer. "é ao ego que cabe resolver se a tentativa de
satisfação deve ser efetuada ou afastada ou se a reivindicação do
impulso não deve ser reprimida como sendo perigosa (princípio da
realidade) (...)." No que concerne à realidade externa, que nem sempre é
favorável, o princípio da realidade impõe-se como princípio regulador. A
procura de satisfação já não é mais imediata, já não se efetua pelo
caminho mais curto, mas pelos desvios, adiando seus resultados em função
da realidade exterior.
Psicose — Termo psiquiátrico e psicanalítico que designa
doença mental na qual há perda do senso de realidade e perda do controle
sobre as próprias atitudes, sendo estes fatores que a distinguem da
neurose. A paranóia, a esquizofrenia, a psicose maníaco-depressiva, a
melancolia são as formas mais comuns de psicoses.
Pulsão (impulso) — Processo dinâmico que implica uma pressão
ou força (carga energética, fator de movimento) que faz tender o
organismo para um alvo ou objeto. Esse impulso ou pulsão tem sua origem
numa excitação corporal, sua meta é resolver a tensão presente na fonte
pulsional e para isso dirige-se a um objeto, graças ao qual obtém a
satisfação. O conceito de pulsão, segundo Freud, é "um conceito limite
entre o psíquico e o somático".
Realidade psíquica — Expressão usada por Freud para exprimir
os desejos e fantasias inconscientes de uma pessoa, os quais não guardam
uma relação lógica com a realidade externa concreta. Os processos
internos inconscientes são constitutivos de uma realidade cuja coerência
interna pode achar-se em oposição com a realidade exterior. De um modo
geral, a neurose e a psicose caracterizam-se pelo predomínio da
realidade psíquica na vida do indivíduo.
Regressão (do latim regress, "volta, retorno") — Designação
psicanalítica que significa o retorno a uma fase psíquica primitiva do
desenvolvimento, incluindo suas atividades, pensamentos, vida afetiva
etc. Certos sintomas, por exemplo, se expressam de um modo oral ou anal
no comportamento da pessoa. A regressão resulta de uma fixação da libido
naquela fase de desenvolvimento do passado, com uma recaída atual ao
modo de expressão e comportamento de um estágio anterior. é um mecanismo
de defesa contra uma ansiedade atual e ao mesmo tempo, uma resposta
patológica que leva o indivíduo a expressar-se novamente de uma maneira
infantil.
Repressão — é a ação psíquica que tende a suprimir ou não dar
acesso à consciência a determinados conteúdos, idéias, ou afetos
considerados desagradáveis ou inoportunos. O conteúdo assim tornado
inconsciente é designado como reprimido. Caso a censura que determina a
repressão se encontre enfraquecida ou o reprimido se torne
excessivamente forte, elementos do reprimido sobrepujam a censura e
abrem caminho à força até a consciência, apesar da sua oposição (é o
"retorno do reprimido"). Tal falha na repressão pode resultar em
sintomas neuróticos ou psicóticos. A censura, neste sentido, é um
guardião da saúde mental. Na terapia psicanalítica, ocorre a
possibilidade de elaborar tanto a censura que determina a repressão
quanto os desejos relacionados aos conteúdos reprimidos, permitindo a
conscientização e a aceitação desses conteúdos.
Reprimido — Ver Repressão.
Resistência — é tudo aquilo que nas ações e nas palavras de
uma pessoa se opõe ao reconhecimento de seus próprios desejos e
conteúdos psíquicos inconscientes. Por extensão, Freud falou em
"resistência à psicanálise" para designar uma atitude de oposição às
suas descobertas na medida em que elas revelam os desejos inconscientes e
infligem ao homem um "vexame psicológico".
Retorno do reprimido — Ver Repressão.
Sentimento de culpa — são remorsos ou auto-recriminações
aparentemente absurdas ou um sentimento difuso de indignidade pessoal. é
a expressão da agressão contra si mesmo devido a um julgamento moral
inconsciente estabelecido pelo superego. Representa um conflito entre o
superego que critica e os sentimentos infantis sexuais e agressivos que
querem satisfação. Esse conflito inconsciente geralmente se manifesta na
pessoa sob a forma de depressão.
Sexualidade — No significado que Freud lhe confere, relativo
ao seu efeito no desenvolvimento psíquico e responsabilidade no
aparecimento da neurose, constitui um dos objetos centrais da
investigação da psicanálise. Em psicanálise, a sexualidade é inseparável
do descobrimento do inconsciente e dos processos que dependem dele. Não
designa apenas as atividades e o prazer que dependem do aparelho
genital, mas toda uma série de excitações e de atividades presentes
desde a infância que proporcionam prazer e que se encontram presentes em
todas as formas de amor. Nas fases de desenvolvimento infantil, a
sexualidade está presente e domina determinadas zonas corporais (a boca,
o ânus, o pênis ou a vagina), dizendo-se neste caso sexualidade oral,
anal, fálica ou genital. Fantasias sexuais estão presentes na criança
desde a tenra infância.
Simbolismo — Em sentido geral, é o modo de representação
indireta e figurada de uma idéia, de um conflito, de um desejo
inconsciente. Em sentido restrito, é um modo de representação que se
distingue principalmente pela constância da relação entre o símbolo e o
simbolizado inconsciente; essa constância encontra-se não apenas no
mesmo indivíduo e de um indivíduo para outro, mas nos domínios mais
diversos (mito, religião, folclore, linguagem etc.) e nas áreas
culturais mais distantes entre si.
Símbolo — é um sinal (signo) ou representação que evoca algo
ausente ou impossível de representar de outra forma. Em psicanálise, o
campo do simbolizado se acha principalmente constituído pelo sexual e se
desenvolveu ligado à descoberta freudiana da interpretação dos sonhos
nos quais freqüentemente aparecem símbolos.
Sintoma — Em medicina, sintoma é a manifestação visível de uma
doença invisível. Em psicanálise, sintoma é a manifestação de um
conflito inconsciente. Os sintomas da neurose são uma satisfação
compensatória para algum impulso sexual reprimido ou são medidas para
impedir tal satisfação. Sensações corporais, ansiedade, medo, hábitos
obsessivos e ritualizados, descontrole, alucinações são exemplos de
sintomas.
Sublimação — Processo de produção de atividades superiores
(intelectuais, artísticas, morais, etc.), indiferente, em aparência, a
uma dinâmica e a uma economia sexuais inconscientes, mas que encontra
nesta sua fonte, força e regime de funcionamento. Diz-se que a pulsão é
sublimada na medida em que é derivada para um novo alvo não-sexual ou um
que visa objetos socialmente valorizados.
Superego — Uma das instâncias psíquicas que Freud descreveu,
na sua segunda teoria do aparelho psíquico (teoria estrutural),
juntamente com o id e o ego. Designa o padrão adquirido através das
impressões da infância, influências educacionais e outras influências do
mundo exterior. é a instância que julga, censura e proíbe. Freud
descreveu o superego como o "herdeiro do complexo de édipo", pela
interiorização na criança da autoridade do pai e de todas as proibições e
exigências parentais. Na experiência clínica o superego se manifesta
determinando sintomas como sentimento de culpa, depressão, etc.
Transferência — Designa um dos fenômenos descobertos através
da psicanálise, que se expressa pela relação afetiva do paciente com o
psicanalista. O paciente transfere para o analista todos os sentimentos e
reações neuróticas, sejam sexuais ou agressivos, relacionados com as
pessoas de seu passado em cujo vínculo eles foram causados ou a quem se
dirigiam. Trata-se da repetição de atitudes e sentimentos infantis que
são vividos com uma sensação de atualidade acentuada. A reatualização de
neurose do paciente na transferência é fundamental para o tratamento e a
cura da mesma, através da sua conscientização. Daí decorre a noção de
"neurose de transferência".
Trauma (traumatismo psíquico) — Acontecimento na vida do
indivíduo de forte intensidade, ao qual ele não consegue responder de
forma adequada e que determina efeitos patológicos duradouros em sua
organização psíquica.
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