Escalas de depressão de Montgomery & Åsberg
(MADRS) e de Hamilton (HAM–D)
RESUMO
Os autores revisam a estruturação, a utilização e as
limitações das escalas de avaliação para depressão de Hamilton (HAM-D) e de
Montgomery & Åsberg (MDRS). Ambas têm sido largamente utilizadas em pesquisa,
particularmente em ensaios com medicamentos antidepressivos, como critério clínico de
inclusão, ou medidas de evolução ou de recuperação de um episódio depressivo.
Ensaios clínicos realizados em nossa unidade de transtornos do humor (GRUDA-IPq–HC
FMUSP) demonstraram a necessidade de treinamento de confiabilidade entre avaliadores e
discussão dos conceitos psicopatológicos dessas escalas, principalmente quando os
pesquisadores forem de centros diferentes.
Unitermos: Escalas de Avaliação;
Depressão; Hamilton; Montgomery & Åsberg; Ensaios Clínicos; Antidepressivos
ABSTRACT
Hamilton and Montgomery & Åsberg Depression
Rating Scales
The authors reviewed the structure, use, and limitations
of the Hamilton and Montgomery & Åsberg depression rating scales. Both have been
largely used in research, particularly in antidepressant drug trials, as an inclusion
criteria, outcome measure and depressive episode recovery. Clinical trials undertaken in
our mood disorder unit (GRUDA-IPq HC FMUSP) demonstrated the need of interraters
reliability training and the discussion of the psychopathological concepts of these
scales, mainly if the raters are from different research centers.
Keywords: Rating Scales; Depression;
Hamilton; Montgomery & Åsberg; Clinical Trials; Antidepressants
INTRODUÇÃO |
O termo depressão pode ser usado para qualificar sintomas depressivos
isolados, que podem estar presentes em condições normais (como na eutimia) ou associados
a condições médicas sistêmicas (como por exemplo no hipotireoidismo). O termo
depressão pode caracterizar uma síndrome clínica, quando encontramos vários sinais e
sintomas depressivos presentes no luto, em depressões associadas a doenças médicas
sistêmicas, a outros transtornos psiquiátricos ou a transtornos decorrentes do uso de
substâncias psicoativas. Pode, ainda, ser uma manifestação primária do humor, como no
episódio depressivo, nas depressões recorrentes, na distimia ou na depressão bipolar.
Embora não se disponha de parâmetros fisiológicos ou biológicos
para avaliar as manifestações clínicas da depressão, as escalas de avaliação servem
para medir e caracterizar o fenômeno, isto é, traduzem o fenômeno clínico em
informações objetivas e quantitativas. As informações transmitidas pelas escalas de
avaliação podem ser usadas para auxiliar no diagnóstico, para documentar o estado
clínico do deprimido em um determinado momento ou para complementar informações do
paciente que passou por uma avaliação clínica prévia. Em geral, as escalas para
avaliação de estados depressivos visam descrever as amostras de pacientes utilizadas,
indicando os sintomas presentes ou ausentes no quadro clínico e avaliar as mudanças que
se operam no curso do tratamento. Existem várias escalas de avaliação, que podem ser de
auto-avaliação ou de avaliação do observador (tabela 1). Nesta revisão discutiremos
algumas características das escalas para depressão de Hamilton (Hamilton, 1960) e de
Montgomery & Åsberg (Montgomery & Åsberg, 1979). Ambas têm sido utilizadas em
pesquisa para estabelecer critério clínico de inclusão, medidas de evolução ou de
recuperação de um episódio depressivo (Snaith, 1993).
TABELA 1 Escalas para Depressão |
||
Instrumento | Avaliador | Autor |
Escala de Avaliação para Depressão de Hamilton (HAM-D) | Profissional | Hamilton, 1960 |
Escala de Avaliação para Depressão de Montgomery & Åsberg (MADRS) | Profissional | Montgomery & Åsberg, 1979 |
Escala de Avaliação de Melancolia deBech-Rafaelsen | Profissional | Bech e Rafaelsen, 1980 |
Entrevista Clínica para Depressão | Profissional | Paykel, 1985 |
Escala de Auto-avaliação para Depressão de Zung | Auto-avaliação | Zung, 1965 |
Inventário de Beck para Depressão | Auto-avaliação | Beck et al, 1961 |
Adaptado de Marder, 1995 |
ESCALA DE AVALIAÇÃO DE DEPRESSÃO DE HAMILTON (HAM-D) |
A Escala de Avaliação para Depressão de Hamilton foi desenvolvida
há mais de 40 anos, porém mantém sua posição de escala administrada pelo pesquisador
mais usada mundialmente. Serve de escala-padrão comparativa para outras desenvolvidas
mais recentemente. Hedlung e Vieweg (1979) revisaram 23 estudos, comparando os escores
totais da HAM-D com os escores das escalas de Beck e de Zung (ambas de auto-avaliação) e
também com os da Escala de Avaliação Clínica Global e concluíram que a escala HAM-D
reflete, de forma consistente, as modificações apresentadas pelo paciente durante o
tratamento. A HAM-D foi elaborada para avaliação e quantificação da sintomatologia
depressiva em pacientes portadores de transtornos do humor. Sintomas de ansiedade foram
incluídos, apesar da correlação negativa entre depressão e ansiedade na versão de
1960 (Hamilton, 1960). Não é recomendada para outro tipo de paciente, nem para pessoas
normais, e não constitui instrumento diagnóstico para identificação de depressão.
A HAM-D enfatiza os sintomas somáticos, o que a torna particularmente
sensível a mudanças vivenciadas por pacientes gravemente deprimidos, e contribui para a
difusão de seu uso em ensaios clínicos com antidepressivos.
A escala HAM-D possui de 17 a 21 itens
dependendo da versão, ou ainda 24 itens (os três tópicos adicionais são desamparo,
desesperança e desvalia). Os itens são avaliados de acordo com a intensidade e a
freqüência dentro de um período determinado de dias. A avaliação é baseada na
entrevista e em informações de outras fontes, tais como prontuários, informações da
enfermagem e/ou de familiares (anexo 1). Não possui entrevista
padronizada, mas depende da habilidade do entrevistador em coletar as informações e
fazer decisões sobre os escores. Portanto, deve ser utilizada somente por profissionais
com experiência clínica, já que requer conhecimento sobre como entrevistar pacientes
deprimidos e avaliar sintomas. O autor recomendou que a entrevista durasse 30 minutos e
que a avaliação fosse em geral realizada por dois pesquisadores, um deles conduzindo a
entrevista e o outro fazendo perguntas complementares ao final. Foi elaborado recentemente
um Manual Estruturado para Entrevista HAM-D (Williams, 1988), a fim de padronizar as
indagações do entrevistador. Esse Manual possui a vantagem da confiabilidade dos itens
individuais sem aumentar significativamente o tempo para administrar a escala (anexo 2).
Originalmente, Hamilton descreveu 21 itens e posteriormente reduziu a
escala para uma versão com 17 itens. Os quatro restantes–variação diurna do humor,
desrealização, sintomas paranóides e sintomas obsessivos–foram excluídos porque
não mediam a depressão ou sua intensidade ou porque ocorriam com pequena freqüência,
deixando de ser úteis (Hamilton, 1960). De modo geral, os trabalhos referem-se ao escore
total, que consiste na soma de todos os itens. Esse escore total é usado com freqüência
como critério de inclusão em pesquisas em ensaios clínicos (Del Porto, 1989). Hamilton
(1960) nunca citou um escore para diferenciar normalidade de morbidade, mas os
pesquisadores definiram suas amostras de pacientes deprimidos, baseados apenas em um
escore na escala, apesar da instrução de não ser utilizada como instrumento
diagnóstico. Em geral, escores abaixo de 10 são considerados muito leves para a
inclusão de pacientes em estudos com medicamentos. O autor não propôs um ponto-padrão
de corte, mas na prática se aceita que escores acima de 25 pontos identificam pacientes
gravemente deprimidos; entre 18 e 24 pontos, pacientes moderadamente deprimidos, e entre 7
e 17, pacientes levemente deprimidos.
Como resultado de sua popularidade, a escala de Hamilton para
depressão tem sido o instrumento para depressão mais amplamente estudado. Sua validade
tem sido demonstrada em vários estudos em que seus escores são comparados em grupos de
pacientes com doenças de gravidade diferente e em estudos em que os escores são
comparados com a gravidade total da doença. Hedlund e Vieweg (1979) resumiram as
informações sobre confiabilidade, obtidas a partir de 9 estudos. Os coeficientes de
consistência interna variaram de 0,83 a 0,94. A confiabilidade entre avaliadores da
escala tem sido consistente ao longo dos inúmeros estudos. Em geral se situa acima de
0,85. Embora geralmente se adquire uma boa concordância entre os avaliadores após um
treinamento adequado, é conveniente que em todos os estudos seja avaliada a
confiabilidade entre os avaliadores (Del Porto, 1989).
Uma avaliação recente, realizada por Snaith (1996), acerca do uso
atual da HAM-D verificou que as instruções para seu preenchimento freqüentemente não
são seguidas. O autor revisou 114 artigos de 5 revistas psiquiátricas importantes.
Verificou que em 71 deles foi utilizada alguma escala para depressão, sendo a HAM-D
aplicada em 66% dos estudos. Constatou-se que a escala não foi usada somente em casos
diagnosticados de transtorno depressivo primário, como deveria, mas com finalidade
diagnóstica e/ou de critério de inclusão em 47% dos estudos. Havia também certa
arbitrariedade na determinação de escores para avaliar gravidade ou recuperação.
Outras limitações revisadas por Snaith (1993) referem-se ao fato de escala carecer de
consistência interna e de que alguns itens são comprometidos por idade ou sexo do
sujeito. A presença de vários sintomas somáticos pode levar a conclusões enganosas
quando a escala é usada em pacientes com doenças físicas.
ESCALA DE AVALIAÇÃO PARA DEPRESSÃO DE MONTGOMERY & ÅSBERG (MADRS) |
Também é uma escala amplamente utilizada
em ensaios com medicamentos antidepressivos, que foi desenvolvida especialmente para medir
mudanças clínicas no curso do tratamento. Foi elaborada a partir da administração da
Escala de Avaliação Psicopatológica Resumida (CPRS - "Comprehensive
Psychopathological Rating Scale") em 106 pacientes, na Inglaterra e na Suécia, com
diagnóstico de doença depressiva primária, de acordo com os critérios de Feighner
(Montgomery & Åsberg 1979). Os autores selecionaram os 17 itens mais freqüentes e
sua somatória, uma medida da gravidade da doença, teve alta correlação com os escores
da escala de Hamilton e da de avaliação clínica global. A partir desses 17 itens foram
selecionados os 10 que mostraram maior correlação com o tratamento. Esses 10 itens
constituem a escala final (anexo 3).
A MADRS difere da HAM-D pelo fato de não incluir sintomas somáticos
ou psicomotores. Entretanto, avalia alguns dos principais sintomas do transtorno
depressivo, tais como tristeza, redução do sono, lassidão, pessimismo e pensamentos
suicidas. Seus itens incluem aspectos biológicos, cognitivos, afetivos e comportamentais.
Por conter todos os sintomas essenciais da depressão apresenta alta validade aparente
(face validity). Sua validade tem sido demonstrada pela sua alta correlação com a HAM-D
(Kaplan e Sadock, 1995) e em diversos estudos que mostram que a escala é válida e
confiável quando aplicada por entrevistador clínico (Craighead e Evans, 1996). Também
se tem mostrado válida e confiável quando aplicada por enfermeiros treinados e baseada
em observações e interações com pacientes internados em unidades psiquiátricas. Sua
capacidade em diferenciar mudanças entre pacientes que respondem a tratamentos
antidepressivos daqueles que não respondem foi melhor que a da HAM-D.
Craighead e Evans (1996) relatam que, por se tratar de uma escala
designada a medir o efeito do tratamento e como o grau e a velocidade das mudanças pode
variar entre os sintomas, se faz necessário o uso de escores de uma subescala da MADRS.
Também pelo fato de alguns itens (por exemplo, tensão interna, pensamentos pessimistas e
suicidas) não serem confiáveis quando comparados individualmente e quando se quer
comparar diferentes modalidades de tratamento, pode ser útil determinar se há
diferenças específicas nos escores e no tipo de sintoma. Para pesquisar isso, os autores
estudaram 340 pacientes adultos internados em um Programa de Transtornos Afetivos e
realizaram a análise fatorial da MADRS. Identificaram quatro fatores que rotularam como
cognitivo-pessimista, afetivo, congnitivo-ansioso e vegetativo. O primeiro reflete o
relato do paciente sobre tristeza, pessimismo, pensamentos de culpa e os vários níveis
de pensamento e planejamento suicida. O segundo fator, a coesão do comportamento
carregado de falta de afeto. O paciente é avaliado pela aparência triste, desanimada e
infeliz, pela perda de interesse por coisas ao seu redor e pela dificuldade em iniciar
atividades, mesmo que rotineiras. O fator cognitivo-ansioso reflete a associação de
problemas de concentração e tensão, que caracterizam os depressivos ansiosos. Os
sintomas vegetativos, alterações do sono e do apetite, constituem o quarto fator.
COMPARAÇÃO ENTRE ESCALAS |
A gravidade da depressão pode ser avaliada pelo paciente por escalas
desenvolvidas com este propósito. A escala Visual Análoga do Humor (VAMS) (Folstein e
Luria, 1973), por exemplo, é uma escala de auto-avaliação, em que o paciente procura
localizar seu humor entre os polos "melhor que já me senti" e "pior que
já me senti".
Na medida em que as três escalas (HAM-D, MADRS e VAMS) têm a mesma
finalidade – avaliação da intensidade do quadro depressivo - Dratcu et al. (1985)
verificaram se a avaliação feita por uma delas encontra correspondência em outra, ou se
a variação em uma delas se reflete na variação constatada na outra. Analisaram ainda a
utilidade clínica das três escalas verificando se o resultado da avaliação da
intensidade dos sintomas por esses instrumentos – ou da gravidade do quadro
depressivo – relaciona-se à opção por determinada conduta médica. Reavaliando
pacientes diagnosticados como portadores de depressão por vários critérios, encontraram
28 (60%) que preenchiam critérios para Transtorno Depressivo Maior, estabelecidos pelos
"Research Diagnostic Criteria" (RDC) (Spitzer et al., 1980). Aplicaram as três
escalas (HAM-D, MADRS e VAMS) e a análise dos resultados demonstrou correlação entre
elas. Os pacientes admitidos em regime de internação integral apresentavam média de
pontos significativamente maior nas escalas HAM-D e MADRS do que a média dos outros
grupos (admitidos em internação parcial ou ambulatório). Dessa forma, fica mais uma vez
demostrada a utilidade dessas escalas na avaliação da gravidade da depressão por
refletirem o julgamento e a conduta clínica.
A correlação positiva e significativa entre as avaliações pelas
escalas HAM-D e MADRS indica que ambas avaliam a intensidade dos sintomas depressivos no
mesmo sentido, isto é, quanto maior o número de pontos, maior a gravidade. As duas,
portanto, constituem instrumentos igualmente úteis para a avaliação da gravidade de
quadros depressivos. Algumas diferenças entre elas, no entanto, parecem importantes. A
HAM-D consta de 17 itens, enquanto a MADRS possui somente 10, o que a torna aparentemente
mais simples. Além disso, cada um dos dez itens da MADRS permite um máximo de seis
pontos, havendo pontos intermediários entre aqueles que descrevem a manifestação dos
sintomas; o entrevistador, assim, tem maior flexibilidade para avaliar, podendo observar a
intensidade dos sintomas que não correspondem exatamente às descrições. Outra
diferença relevante reside na distinção que a MADRS prevê entre os sintomas relatados
e observados, evitando dúvidas que podem prejudicar a avaliação. Finalmente, a MADRS
não apresenta sintomas contraditórios, como alguns encontrados na HAM-D (p. ex., retardo
e agitação) e que tornam virtualmente impossível o escore máximo de 52 pontos. No
trabalho de Dratcu et al. (1985), a avaliação máxima alcançada pela HAM-D foi de 41
pontos (79% do máximo possível), enquanto a avaliação máxima alcançada pela MADRS
foi de 55 (92% do máximo possível). Isso sugere que as características da MADRS talvez
a tornem adequada para refletir intensidade dos sintomas nos casos de depressão. Pode-se
também supor que a MADRS seja mais sensível a modificações mais sutis e precoces na
sintomatologia, o que a tornaria capaz de avaliar a resposta ao tratamento com maior
precisão e antecedência, especialmente nos casos mais graves. Os autores concluem que o
estudo comparativo entre as duas escalas sugere que a MADRS parece ser mais abrangente e
sensível que a HAM-D na avaliação da intensidade dos sintomas depressivos.
A EXPERIÊNCIA DO GRUDA |
Em ensaios de psicofarmacologia realizados no Grupo de Doenças
Afetivas (GRUDA) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo utilizamos as escalas de HAM-D e MADRS em projetos
para avaliar eficácia e tolerabilidade de medicamentos antidepressivos. No estudo
avaliando eficácia e tolerabilidade da nortriptilina em comparação com a amitriptilina
foi usada a escala HAM-D 21 itens como critério de inclusão (pontuação igual ou
superior a 18, isto é, depressão moderada a grave) em pacientes previamente
diagnosticados de acordo com os critérios da DSM III-R. Os escores da escala HAM-D 21
itens mostraram que os dois grupos de tratamento tiveram o mesmo desempenho (F = 0,108
– ns), agindo significativamente (F = 56,557 – p<0,001) após a primeira
semana de tratamento medicamentoso (Moreno, 1998).
No estudo comparativo, duplo-cego, randomizado, de venlafaxina versus
amitriptilina no tratamento de pacientes ambulatoriais com depressão maior de acordo com
os critérios da DSM IV, a escala HAM-D 21 itens era usada como critério de inclusão
pela pontuação mínima de 20 e ambas, HAM-D e MADRS como medida de eficácia (Moreno,
1998). Em outro estudo em andamento, para comparar a eficácia de mirtazapina e fluoxetina
em pacientes gravemente deprimidos durante 8 semanas de tratamento, está sendo utilizada
a HAM-D 17 itens (pontuação mínima de 25, isto é, depressão grave) como critério de
inclusão e medida de eficácia e a MADRS apenas como medida de eficácia (Moreno, 1998)
em deprimidos previamente diagnosticados pela DSM-IV. Pacientes que apresentam
diminuição na pontuação da escala HAM-D após o período de lavagem (de uma semana)
são excluídos do estudo por serem considerados responsivos a placebo.
Para cada estudo foi realizado, após discussão sobre cada item das
escalas, um treinamento de confiabilidade entre avaliadores, com a presença dos
investigadores de todos os centros envolvidos. Recomendamos que essa prática seja seguida
sempre que se utilizem as escalas em estudos envolvendo vários pesquisadores e
principalmente quando há pesquisadores de centros diferentes, de modo a homogeneizar
possíveis diferenças conceituais de psicopatologia. Itens menos objetivos, como humor
depressivo e sentimentos de culpa da HAM-D, tendem a dar diferenças nos escores. Também
é importante padronizar os critérios utilizados para a quantificação dos sintomas
presentes.
Uma prática muito utilizada em estudos de psicofarmacologia de
antidepressivos é a de considerar eficaz uma substância que reduza em pelo menos 50% a
pontuação inicial das escalas. Pensando hipoteticamente em deprimidos graves com
pontuação inicial entre 25 e 30 pela HAM-D, redução de 50% na pontuação significa
apenas eficácia parcial e não remissão ou recuperação do episódio depressivo do
ponto de vista clínico. Este fato deve ser considerado na interpretação dos resultados.
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1. Fundador e Coordenador do Grupo de Doenças Afetivas do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São PauloEndereço para correspondência: Rua Tabapuã 500, conj. 41. CEP 04533-909, São Paulo - SP. Tel : (011) 3069.6648. Fax : (011) 3064.3321
2. Médica Psiquiatra do Grupo de Doenças Afetivas do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
E-Mail : rmoreno@sti.com.br
Revista
dePsiquiatria
ClínicaÍndice
Dúvidas ou sugestões: LF Tófoli ou Roberto B Sassi
Anexo 1
Escala de Avaliação para Depressão de Hamilton (HAM-D)
Escore Total
Item Escore 1. Humor depressivo 0-4 2. Sentimento de Culpa 0-4 3. Suicídio 0-4 4. Insônia Inicial 0-2 5. Insônia Intermediária 0-2 6. Insônia tardia 0-2 7. Trabalho e Atividades 0-4 8. Retardo 0-4 9. Agitação 0-4 10. Ansiedade psíquica 0-4 11. Ansiedade somática 0-4 12. Sintomas Somáticos Gastrointestinais 0-2 13. Sintomas Somáticos Gerais 0-2 14. Sintomas Genitais 0-2 15. Hipocondria 0-4 16. Alteração de peso 0-2 17. Crítica (Insight) 0-2
18. Variação Diurna 0-2 19. Despersonalização e Desrealização 0-4 20. Sintomas Paranóides 0-4 21. Sintomas Obsessivos e Compulsivos 0-4 Adaptado de Kaplan e Sadock, 1995
volta ao texto
Anexo 2
Guia da Entrevista Estruturada para Escala de Avaliação de Depressão de Hamilton Structured Interview Guide For The Hamilton Depression Rating Scale (Sigh-D)
Entrevistador:
A primeira questão para cada item deve ser feita exatamente como está escrita. Freqüentemente essa pergunta irá extrair informações sobre a gravidade e a freqüência de um sintoma, suficientes para se avaliar o item com segurança. Questões adicionais são fornecidas, todavia, caso seja necessário maior exploração ou clarificação de um sintoma. As questões especificadas devem ser usadas até haver informação suficiente para se avaliar o item com segurança. Em alguns casos, você pode ter de adicionar suas próprias perguntas para obter as informações necessárias.Notas:
Período de tempo:
Embora as perguntas indiquem que as avaliações devem se basear nas condições do paciente na última semana, alguns investigadores podem desejar, como uma medida de mudança, basear suas avaliações nos últimos dois ou três dias; desse modo, as perguntas devem ser precedidas por "Nos últimos dois dias...".Item perda de peso:
Recomenda-se que este item seja avaliado positivamente sempre que o paciente tenha perdido peso em relação ao seu peso habitual (i.e., antes do episódio depressivo atual), a não ser que ele tenha começado a readquirir o peso perdido. No entanto, uma vez que o paciente comece a ganhar peso, mesmo que ainda esteja abaixo de seu peso habitual, ele não deve ser avaliado positivamente nesse item.Referente ao funcionamento habitual:
Muitas das perguntas da entrevista referem-se ao funcionamento habitual do paciente. Em alguns casos quando, por exemplo, o paciente apresenta distimia ou transtorno afetivo sazonal, o referencial deve ser a última vez em que esteve bem (ou seja, nem deprimido, nem eufórico) por pelo menos algumas semanas.Guia da entrevista estruturada para a escala de avaliação de depressão de Hamilton
Nome do paciente: __________________________________________________________________Entrevistador: _____________________________________________________________________
Data: ____/____/____
Introdução:
Gostaria de lhe fazer algumas perguntas sobre a última semana. Como você tem se sentido desde a última (dia da semana)? Se paciente ambulatorial: Você tem trabalhado? Se não: Especifique por que não?1. Como tem estado seu humor na última semana?
Você tem se sentido para baixo ou deprimido?
Triste? Sem esperança?
Na última semana, com que freqüência você se sentiu (utilize a palavra referida pelo paciente)? Todos os dias? O dia inteiro?
Você tem chorado?Humor depressivo (tristeza, desesperança, desamparo, inutilidade)0- ausente
1- sentimentos relatados somente se perguntados
2- sentimentos relatados espontaneamente, com palavras
3- comunica os sentimentos não com palavras, mas com expressão facial, postura, voz e tendência ao choro
4- o paciente comunica quase que exclusivamente esses sentimentos, tanto em seu relato verbal como na comunicação não-verbalSe pontuou de 1 a 4, pergunte: Há quanto tempo você tem se sentido desta maneira?
2. Você tem se sentido especialmente autocrítico nesta última semana, sentindo que fez coisas erradas ou decepcionou outras pessoas?
SE SIM: quais foram esses pensamentos?
Você tem se sentido culpado em relação a coisas que fez ou não fez?
Você tem pensado que, de alguma forma, você é responsável pela sua depressão?
Você sente que está sendo punido ficando doente?Sentimentos de culpa:0- ausente
1- auto-recriminação, acha que decepcionou outras pessoas
2- idéias de culpa ou ruminações de erros ou ações pecaminosas (más) no passado
3- paciente acha que a doença atual é uma punição (castigo). Delírio de culpa
4- ouve vozes que o acusam ou denunciam e/ou tem alucinações visuais ameaçadoras
3. Nessa última semana, você teve pensamentos de que não vale a pena viver ou que você estaria melhor morto? ou pensamentos de se machucar ou até de se matar?SE SIM: o que você tem pensado sobre isso? Você já se machucou?Suicídio:0- ausente
1- acha que não vale a pena viver
2- deseja estar morto ou pensa em uma possível morte para si
3- idéias ou atitudes suicidas
4- tentativas de suicídio
4. Como tem sido seu sono na última semana?
Você teve alguma dificuldade em iniciar o sono? Após se deitar, quanto tempo leva para conseguir dormir?
Em quantas noites nesta última semana você teve problemas para iniciar o sono?Insônia inicial:0- sem dificuldades para iniciar o sono
1- queixa de dificuldade ocasional para iniciar o sono, ou seja, mais que meia hora
2- queixa de dificuldade para iniciar o sono todas as noites
5. Durante essa última semana, você tem acordado no meio da noite?
SE SIM: você sai da cama? o que você faz? (somente vai ao banheiro?)
Quando volta para a cama, você volta a dormir logo?
Você sente que seu sono é agitado ou perturbado em algumas noites?Insônia intermediária:0- sem dificuldade
1- queixa de agitação e perturbação durante a noite
2- acorda durante a noite – qualquer saída da cama (exceto por motivos de necessidade fisiológica)
6. A que horas você tem acordado pela manhã na última semana?
Se cedo: acorda com despertador ou sozinho? A que horas você normalmente acordava (ou seja, antes de ficar deprimido)?Insônia tardia:0- sem dificuldade
1- acorda durante a madrugada, mas volta a dormir
2- não consegue voltar a dormir se levantar da cama durante a noite
7. Como você tem passado seu tempo na última semana (quando não está no trabalho)?
Você se sente interessado em fazer (essas atividades) ou você tem de se forçar?
Você parou de fazer atividades que costumava fazer? SE SIM: Por quê?
Há alguma coisa que você aguarda ansiosamente?
(no seguimento): Seu interesse voltou ao normal?Trabalho e atividades:0- sem dificuldades
1- pensamentos e sentimentos de incapacidade, fadiga ou fraqueza, relacionados a atividades, trabalho ou passatempos
2- perda de interesse em atividades, passatempos ou trabalho, quer relatado diretamente pelo paciente, quer indiretamente por desatenção, indecisão ou vacilação (sente que precisa se esforçar para o trabalho ou outras atividades)
3- diminuição no tempo gasto em atividades ou queda de produtividade. No hospital, o paciente ocupa-se por menos de três horas por dia em atividades (trabalho hospitalar ou passatempos) com exceção das tarefas rotineiras da enfermaria
4- parou de trabalhar devido à doença atual. No hospital, sem atividades, com exceção das tarefas rotineiras da enfermaria, ou se não consegue realizá-las sem ajuda
8. Avaliação baseada na observação durante a entrevista:Retardo (lentificação do pensamento e da fala, dificuldade de concentração, diminuição da atividade motora):0 pensamentos e fala normais
1 lentificação discreta à entrevista
2 lentificação óbvia durante à entrevista
3 entrevista difícil
4 estupor completo
9. Avaliação baseada na observação durante a entrevista:Agitação:0 nenhuma
1 inquietação
2 mexe as mãos, cabelos etc.
3 movimenta-se bastante, não consegue permanecer sentado durante a entrevista
4 retorce as mãos, rói as unhas, puxa os cabelos, morde os lábios
10. Você tem se sentido especialmente tenso ou irritado nesta última semana?
Você tem estado preocupado com coisas pouco importantes com as quais normalmente não se preocuparia? SE SIM: Como com o quê, por exemplo?Ansiedade psíquica:0 sem dificuldade
1 tensão e irritabilidade subjetivas
2 preocupa-se com trivialidades
3 atitude apreensiva aparente no rosto ou na fala
4 paciente expressa medo sem ser perguntado
11. Na última semana, você sofreu de alguns dos seguintes sintomas físicos?
Leia a lista, parando após cada sintoma para resposta.Nota: não considerar se claramente relacionados à medicação (por exemplo, boca seca e imipramina)O quanto esses sintomas o incomodaram na última semana? Quão intensos foram? Quanto tempo ou com que freqüência os teve?
Ansiedade - somática:Concomitantes fisiológicos da ansiedade, como:
GI: boca seca, flatulência, indigestão, diarréias, cólicas, eructações
CV: palpitação, cefaléias
Respiratórios: hiperventilação, suspiros
Ter de urinar freqüentemente
Sudorese0 ausente
1 duvidoso ou trivial: sintomas menores, relatados quando questionados
2 leve: paciente descreve espontaneamente os sintomas, que não são acentuados ou incapacitantes
3 moderado: mais do que 2 sintomas e com maior freqüência. São acompanhados de estresse subjetivo e prejudicam o funcionamento normal
4 grave: numerosos sintomas, persistentes e incapacitantes na maior parte do tempo, ou ataques de pânico quase diariamente
12. Como tem estado seu apetite nesta última semana? (Como se compara ao seu apetite habitual?)
Você tem tido que se força a comer?
As outras pessoas têm insistir para você comer?Sintomas gastrointestinais – somáticos:0 nenhum
1 perda de apetite, mas come sem necessidade de insistência
2 dificuldade para comer se não insistirem
13. Como tem estado sua "energia" nesta última semana?
Você se sente cansado o tempo todo?
Nesta última semana, você teve dor nas costas, dor de cabeça ou dor muscular?
Nesta última semana, você tem sentido um peso nos membros, nas costas ou na cabeça?Sintomas somáticos gerais:0 nenhum
1 peso em membros, costas ou cabeça; dor nas costas, na cabeça ou nos músculos. Perda de energia e fatigabilidade
2 qualquer sintoma bem caracterizado e nítido
14. Como tem estado seu interesse por sexo nesta semana? (não estou lhe perguntando sobre seu desempenho, mas sobre seu interesse por sexo- o quanto você tem pensado nisso?
Houve alguma mudança em seu interesse por sexo (em relação à época em que você não estava deprimido)?
Isso é algo em que você tem pensado muito? Se não: isso é pouco habitual para você?Sintomas Genitais – (como perda de libido, distúrbios menstruais):0 ausentes
1 leves ou infreqüentes: perda de libido, desempenho sexual prejudicado
2 óbvio e graves: perda completa do interesse sexual
15. Na última semana, o quanto seus pensamentos têm focalizado na sua saúde física ou no funcionamento de seu corpo (comparado ao seu pensamento habitual)
Você se queixa muito de sintomas físicos?
Você tem-se deparado com situações em que você pede ajuda para fazer coisas que poderia fazer sozinho?
SE SIM: Como o quê, por exemplo? Com que freqüência isso tem ocorrido?Hipocondria:0 ausente
1 auto-observação aumentada (com relação ao corpo)
2 preocupação com a saúde
3 queixas freqüentes, pedidos de ajuda etc.
4 delírios hipocondríacos
16. Você perdeu algum peso desde que essa (DEPRESSÃO) começou? SE SIM: Quanto?
SE INCERTO: Você acha que suas roupas estão mais folgadas?
No Seguimento: Você voltou a ganhar peso?Perda de Peso (desde o início da doença ou da última avaliação)0 sem perda de peso ou perda de peso NÃO causada pela doença atual
1 perda de peso provavelmente causada pela doença atual. Perda de menos de meio quilo
2 perda de peso definitivamente causada pela doença atual. Perda de meio quilo ou mais
17. Avaliação baseada na observaçãoCrítica (Conseqüência da doença):0 reconhece estar deprimido e doente OU não estar deprimido no momento
1 reconhece estar, mas atribui a causa à má alimentação, ao clima, ao excesso de trabalho, a um vírus, à necessidade de descanso etc.
2 nega estar doente
Escore total HAM-D – 17 itens
18. Nesta última semana você se sentiu melhor ou pior em algum período específico do dia – manhã ou noite?
SE VARIAÇÃO: Quanto pior você se sente (de MANHÃ OU de NOITE)?
SE INDECISO: Um pouco pior ou muito pior?Variação Diurna:A. Anote se os sintomas são piores de manhã ou à noite. SE NÃO HOUVER variação diurna, marque nenhuma:
Sem variação ou não deprimido no momento
pior pela manhã
pior a tarde/à noiteB. Quando presente, anote a gravidade da variação:
0 nenhuma
1 leve
2 graveNota: Caso haja variação diurna, só a contagem referente à sua gravidade (1 ou 2 pontos no item 18 B) é que deve ser incluída na contagem final. O item 18 A não deve ser computado.
19. Na última semana você teve subitamente a sensação de que tudo é irreal, ou que você está em um sonho, ou separado do contato com as outras pessoas de uma maneira estranha?
Alguma sensação de flutuação?
SE SIM: Quão ruim isso tem sido? Quantas vezes isso aconteceu nesta ; última semana?Despersonalização e Desrealização (como sensação de irrealidade a idéias niilistas)0- ausentes
1 leves
2 moderadas
3 graves
4 incapacitantes
20. Na última semana você sentiu que alguém tentou o prejudicar ou machucar?
SE NÃO: e sobre alguém falando de você pelas costas?
SE SIM: fale mais sobre issoSintomas Paranóides:0 nenhum
1 desconfiado
2 idéias de referência
3 delírios de referência e perseguição
21. Na última semana, você teve fazer alguma coisa várias vezes? Houve algo que você teve de fazer e refazer várias vezes, como checar se as portas estavam fechadas?
SE SIM: você pode me dar um exemplo?
Você teve algum pensamento que não faz sentido para você, mas que fica voltando à sua cabeça sempre sem parar?
SE SIM: você pode me dar um exemplo?Sintomas Obsessivos e Compulsivos:0 nenhum
1 leves
2 graves
Escore total HAM-D – 21 itens
22. Retornando ao seu padrão de sono, você tem ido se deitar e adormecido mais cedo que o habitual?
Pelo menos uma hora mais cedo?
Em quantas noites nesta semana isso aconteceu?Hipersônia – Adormecer Precoce:0 não
1 leve, infreqüente – menos do que uma hora
2 óbvia, definida – mais que 60 minutos mais cedo, todas as noites
23. Você tem dormido em excesso, ficando na cama além de sua hora habitual de levantar? Por quantas horas? Quantas vezes isso aconteceu na última semana?Hipersônia – dormir mais que o habitual:0 não
1 leve, infreqüente – menos do que uma hora
2 óbvia/ definida – dorme em excesso por mais do que uma hora, na maioria dos dias
24. Você tem dormido durante o dia? Seu cochilo dura mais do que 30 minutos? Em quantos dias desta semana você dormiu durante o dia?Hipersônia – Cochilos:0 ausentes
1 leve, infreqüente – cochilos duram menos do que 30 minutos, ou relata sonolência diurna excessiva
2 óbvia/ definida – sonecas duram mais do que 30minutos na maioria dos dias
25. Retornando ao seu apetite, você tem notado que tem desejado comer mais do que o habitual nesta última semana?
Você teve fissura por comida?
Você tem aumentado significativamente a quantidade do que come?Aumento de Apetite (Mudança no apetite caracterizada por aumento na quantidade de comida ingerida, ou fissura excessiva):0 ausente
1 mínimo – aumento leve de apetite; fissura por comida
2 definido – aumento acentuado de ingestão de comida, ou fissura
26. Você ganhou peso durante a última semana?
Você ganhou 1 kg ou mais nesta semana?
2,5 kg nas duas últimas semanas?Ganho de peso:0 ausente
1 duvidoso/mínimo – menos do que 0,5 kg
2 óbvio – ganho de peso de 0,5 kg ou mais
27. Observações e relato:
Você tem dificuldade de começar tarefas ou de fazer coisas que você fazia habitualmente no curso do dia? E fazer esta entrevista?Retardo Psíquico: (Lentificação na fala e no processo de pensamento: descreve inibição da vontade ou sensação de que os processos de pensamento estão paralisados. Avalie com base na observação e na autodescrição, mas diferencie de um real retardo motor.)0- ausente
1- leve; discreto retardo na fala e no processo de pensamento
2 moderado – demora para responder às questões, descreve inibição de volição
3 grave – retardo na fala e no processo de pensamento suficiente para prolongar significativamente a entrevista
4 extremo (1/2)/ excessivo; quase em mutismo, minimamente responsivo
28. Retardo de movimento e de expressão afetiva. Avalie com base na observação e na autodescrição, mas diferencie de retardo de pensamento ou de fala.Retardo Motor:0 ausente
1 leve – discreto achatamento do afeto, expressão fixa
2 moderado – voz monótona e diminuição de movimentos espontâneos
3 grave – óbvio retardo de movimento, marcha; afeto embotado
4 extremo – em estupor; retardo motor acentuado observado na marcha e na postura
29. Na última semana você se sentiu desamparado para fazer coisas que você faz habitualmente, incapaz de completar suas tarefas, incluindo vestir-se, comer, arrumar-se? Você precisou de ajuda para alguma dessas coisas?Desamparo:0 ausente
1 sentimentos subjetivos extraídos apenas pela entrevista
2 paciente relata espontaneamente sentimentos de desamparo
3 necessita de insistência, orientação e reasseguramento para completar tarefas
4 requer assistência para se vestir, comer, ou realizar higiene pessoal
30. Durante a última semana, você tem tido esperança de que vai melhorar? Você está se sentindo desencorajado, em desespero, pessimista quanto ao futuro?Desesperança:0 ausente
1 dúvida intermitentemente de que "as coisas irão melhorar", mas pode ser reassegurado
2 consistentemente se sente desesperançado, mas aceita reasseguramentos
3 expressa sentimentos de desencorajamento, desespero, pessimismo quanto ao futuro, que não podem ser desfeitos
4 espontânea e inapropriadamente persevera "nunca VOU melhorar" ou equivalente
31. Durante a última semana, você se sentiu como se fosse inútil, ruim ou inferior? Você já teve sentimentos ruins sobre você mais fortes que isso?Baixa AUTO-estima:volta ao texto0 ausente
1 indica sentimentos de inutilidade (perda da auto-estima) apenas quando perguntado
2 paciente indica espontaneamente sentimentos de inutilidade
3 diferente de (2) acima por grau: paciente relata espontaneamente que é "ruim", "inferior"
4 delírios de inutilidadeAdaptado de Williams (1988)
Anexo 3
Escala de Avaliação para Depressão de Montgomery & Åsberg (MADRS)
A avaliação deve basear-se em uma entrevista clínica que se inicie com perguntas genéricas sobre sintomas e seja acompanhada de questões mais detalhadas que permitam a avaliação precisa da gravidade. O avaliador deve decidir se a avaliação se situa em graus definidos da escala (0, 2, 4, 6) ou entre eles (1, 3, 5).É importante lembrar que somente em raras ocasiões se encontra um paciente deprimido que não pode ser avaliado de acordo com os itens da escala. Caso respostas definidas não possam ser obtidas do paciente, devem ser usados todos os indícios relevantes, bem como informações de outras fontes, como base para a avaliação, de acordo com a prática clínica costumeira.A escala pode ser usada para qualquer intervalo de tempo entre avaliações, seja semanal ou outro, mas isso deve ser registrado.Lista de Itens1. Tristeza Aparente
2. Tristeza Relatada
3. Tensão Interna
4. Sono Reduzido
5. Diminuição Do Apetite
6. Dificuldades De Concentração
7. Lassidão
8. Incapacidade De Sentir
9. Pensamentos Pessimistas
10. Pensamentos Suicidas1. Tristeza AparenteRepresentando desânimo, tristeza e desespero (mais que um abatimento simples e transitório), refletidos na fala, expressão facial a postura.
Avalie pela profundidade e incapacidade de alegrar-se.0. Nenhuma tristeza
1.
2. Parece abatido, mas se alegra sem dificuldades.
3.
4. Parece triste e infeliz a maior parte do tempo.
5.
6. Parece muito triste todo o tempo. Extremamente desanimado.2. Tristeza RelatadaRepresentando relatos de humor depressivo, independente de estarem refletidos na aparência. Inclui abatimento, desânimo ou sentimento de desamparo e desesperança.
Avalie pela intensidade, duração e grau com que se relata que o humor é influenciado pelos acontecimentos.0- Tristeza ocasional compatível com as circunstâncias.
1-
2- Triste e abatido, mas se alegra sem dificuldades.
3-
4- Sentimentos predominantes de tristeza ou melancolia. O humor é ainda influenciado por circunstâncias externas.
5-
6- Tristeza, infelicidade ou desânimo contínuos e invariáveis.
3. Tensão InteriorRepresentando sentimentos de desconforto indefinido, inquietação, agitação interior, tensão mental crescente chegando até pânico, pavor ou angústia.
Avaliar de acordo com intensidade, freqüência, duração do grau de reasseguramento necessário.0- Tranqüilo, somente tensão interior fugaz.
1-
2- Sentimentos ocasionais de inquietação e desconforto indefinido.
3-
4- sentimentos contínuos de tensão interna ou pânico intermitente que o paciente só consegue dominar com alguma dificuldade.
5-
6- Apreensão ou angústia persistente. Pânico incontrolável.
4. Sono DiminuídoRepresentando a experiência de redução de duração ou profundidade do sono comparadas com o padrão normal próprio do indivíduo quando está bem.0- Dorme normalmente
1-
2- Leve dificuldade para adormecer ou sono discretamente reduzido, leve ou interrompido.
3-
4- Sono reduzido ou interrompido por, pelo menos, duas horas.
5-
6- Menos de duas ou três horas de sono.
5. Diminuição Do ApetiteRepresentando o sentimento de perda de apetite quando comparado ao seu normal. Avalie pela perda da vontade de comer ou pela necessidade de forçar-se a comer.0- Apetite normal ou aumentado.
1-
2- Apetite levemente diminuído.
3-
4- Sem apetite. A comida não tem sabor.
5-
6- É necessário ser sempre persuadido para comer.
6. Dificuldades de ConcentraçãoRepresentando dificuldades em concluir ou organizar os pensamentos chegando à falta de concentração incapacitante.
Avalie de acordo com a intensidade, a freqüência e o grau de incapacidade resultante.0- Sem dificuldade para se concentrar.
1-
2- Dificuldades ocasionais em concluir ou organizar os pensamentos.
3-
4- Dificuldades para se concentrar e sustentar o pensamento, que reduzem a capacidade para ler ou manter uma conversa.
5-
6- Incapaz de ler ou conversar, a não ser com grande dificuldade.
7. LassidãoRepresentando a dificuldade ou a lentidão para iniciar e realizar atividades rotineiras.0 Dificilmente apresenta qualquer dificuldade para iniciar atividades. Sem preguiça.
1
2 Dificuldades para iniciar atividades.
3
4 Dificuldades para começar atividades rotineiras simples, que são realizadas à custa de esforço.
5
6 Lassidão completa. Incapaz de fazer qualquer coisa sem ajuda.
8. Incapacidade de SentirRepresentando a experiência subjetiva de interesse reduzido pelo ambiente ou por atividades que são normalmente prazerosas. A capacidade de reagir com emoção apropriada às circunstâncias ou às pessoas está reduzida.0 Interesse normal pelo ambiente e pelas outras pessoas.
1
2 Capacidade reduzida de desfrutar interesses rotineiros.
3
4 Perda de interesse pelo ambiente. Perda de sentimentos pelos amigos e conhecidos.
5
6 A experiência de estar emocionalmente paralisado, incapaz de sentir raiva, pesar ou prazer e uma falta de sentimentos completa ou mesmo dolorosa em relação a parentes próximos ou amigos.
9. Pensamentos PessimistasRepresentando pensamentos de culpa, inferioridade, auto-reprovação, pecado, remorso e ruína.0 Sem pensamentos pessimistas.
1
2 Idéias flutuantes de falha, autoreprovação ou auto-depreciação.
3
4 Auto-acusações persistentes ou idéias definidas, mas ainda racionais de culpa ou pecado. Progressivamente pessimista sobre o futuro.
5
6 Delírios de ruína, remorso ou pecado irremediável. Auto-acusações que são absurdas e inabaláveis.
10. Pensamentos SuicidasRepresentando o sentimento de que não vale a pena viver, que uma morte natural seria bem-vinda, pensamentos suicidas e preparativos para suicídio.
Tentativas de suicídio por si só não devem influenciar a avaliação.0 Aprecia a vida ou a aceita como ela é.
1
2 Enfastiado de viver. Pensamentos suicidas transitórios
3
4 Provavelmente seria melhor morrer. Pensamentos suicidas são freqüentes e o suicídio é considerado com uma solução possível, mas sem planos ou intenções específicas.
5
6 Planos explícitos para o suicídio quando houver uma oportunidade. Providência para o suicídio.
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