sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Aquisição da Linguagem ... debates psicanaliticos


 
Em 1500 Pero Vaz de Caminha escreve assim, falando sobre o descobrimento do Brasil, uma escritura que declara oficialmente (certidão de nascimento do Brasil) as terras brasileiras."Easy segujmos nosso caminho per este mar delomgo ataa terça feira doitauas de páscoa que foram xxj dias dabril que topamos alguus synaaes de tera seemdo da dita jlha segundo os pilotos deziam obra de bjc lx ou lxx legoas. os quaaes hera muita camtidade deruas compridas a que os mareantes chama botelho e asy Outras aque tambem chama Rabo dasno.Eaaquarta feira segujmte póla manhãã topamos aves aque chama fura buchos. e neeste dia aoras de bespera ouuemos vista de terá primeiramente dhuu gramde monte muy alto. e Redomdo e doutras serras mais baixas ao sul dele e de terra chãã com grandes aruoredos ao qual monte alto ocapatam pos nome o monte pascoal" (Bagno, 2008, p 165) Entendo que há mudança na linguagem, senão estaríamos ainda saindo do grunhido. Pensando na ontogenia que segue o mesmo percurso da filogenia, como bem disse Freud, então a linguagem transgride. Contudo como a linguagem do infante transgride e se estrutura em uma outra forma que não a do enunciado? Bom temos que entender que este infante é inserido na linguagem do significante, caso contrario teriamos que aceitar que isto é natural e não cultural. Então produzir cadeia significante é prática do humano e anterior ao vivente (aquele que vivencia). Concordo com Mitrá quando diz que o universo da comunicação é dividido. Contudo o babuíno também tem linguagem corporal, pois ao "arreganhar" os dentes para seu semelhante também passa uma mensagem, mas isto é enunciado. O que difere o humano dos outros animais é a enunciação e aí o humano deixa de ser animal e passa a sujeito da enunciação, ou deixa de ser vivente e passa a experiente. Quando uma mulher entra no consultório vestida de forma erotizada e toda de preto e ao ser perguntada sobre a forma de se vestir e de chegar, ela responde que “não sabe”, mas teve vontade de colocar aquela roupa. Entendo que há uma linguagem, contudo esta linguagem sai do enunciado e passa a enunciação quando busca ser escutada e insiste para isto. Então a demanda de escuta ou de trabalho na práxis do analista, procura quem escuta e fale deste lugar de enunciação. Neste ponto deixa de ser dia-logo e passa a com-versa, ou seja, não são mais dois saberes (dia-logo) e sim um só saber (com-versa) o saber deste que fala e o analista interpreta. Mas pra que linguagem corporal? Se o humano sabe falar e isto é bem mais prático e eficiente para a enunciação, como para o enunciado. Algumas pessoas dizem que a linguagem corporal é o corpo falando (“o corpo fala”). Fala sim, mas é pela boca e não por expressão corporal. Quero perguntar a Mitrá se falar, no sentido mesmo da palavra, é verbalizar ou produzir palavras? De vivente a experiente, de pessoa que produz enunciado a sujeito da enunciação, como pruduzir uma forma, não falo aqui do conteúdo ou a singularidade da cadeia e sim da mesma forma de linguagem que se repete nos sujeitos. Entendo que há significantes que são ofertados (holding-winnicott), e que alguns sejam aceitos e então transmitidos e produzem a linha familiar e então talvez aí sejam inseridos os viventes e mostrem a possibilidade de mostrar e esconder ao mesmo tempo (carta roubada). Então aí o sujeito é produzido e produz ao mesmo tempo, ou seja, é instituído e passa a instituir esta forma de linguagem. Contudo para este sujeito que agora ascende a ordem do significante, antes não existia esta linguagem. Se pensarmos no partilhado a linguagem do significante e sua forma é anterior ao sujeito, mas como se antes não havia sujeito, então é anterior só ao vivente. Contudo a linguagem significante é paralela em evento ao surgimento do sujeito do privado, pois um forma o outro. São distintos, mas um não existe sem o outro. Como venho expressando, neste texto, um infante é então iniciado na forma da linguagem inconsciente a partir de um significante ofertado - “a partir deste outro primordial, que através de seu desejo, o "insere" em uma cadeia discursiva...” (Josué) Então deve haver significantes, vindo do outro, que a partir destes significantes este sujeito vai construindo sua cadeia que chamo de conteúdo singular. Chegamos agora a prática analítica. Há um inconsciente estruturado como linguagem, então qual a intencionalidade do analisando ao falar para o analista? Quando a mensagem tem intenção de ser decifrada? Entendo que é quando este sujeito encontra um alguém que escuta esta linguagem que insiste. Esta demanda simbólica deste um que interpreta a mensagem de um grande Outro (Outrão). Quando esta mensagem tem endereçamento, pois a medida que este interpreta o desejo vai sendo apresentado e representado. Um desejo que alivia, pois desejo é demanda de algo e falar alivia a tensão, mesmo que seja falando sem falar ou falando desta sujeição pelo significante.
 
cred Comentário de Paulo César Pacheco 
 
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