terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A Perspectiva da Psicanálise Humanista Emancipadora

O Novo Paradigma na Psicanálise


  1. Resumo
  2. Introdução
  3. Don Quixote de La Mancha
  4. Os Mecanismos de Defesa
  5. A Perspectiva da Psicanálise Humanista Emancipadora
  6. Conclusão
  7. Referências Bibliográficas

Resumo

Neste artigo apresenta-se uma pequena analise sobre a obra de Miguel de Cervantes e a sua relação com os Mecanismos de defesa Na obra Don Quixote de La Mancha, percebe-se a manifestação da inteligência e a criatividade do autor utilizada de forma recreativa para neutralizar a repressão num processo de transferência com os personagens. De forma alegre e divertida trouxe a consciência os seus traumas e soube elaborá-los. No desenvolvimento do texto abordam-se: na introdução o Guerreiro e as suas lutas, a figura do Don Quixote de La Mancha, os Mecanismos de Defesa e as suas implicações, a Nova Perspectiva da Psicanálise Humanista Emancipatória, seguidos pela Conclusão e pelas Referencias Bibliográficas. O tema transforma os sentimentos da obra num material excelente para analise. Porem, se sugere a atividade realizada pelo autor como uma excelente estratégia a ser utilizada na Psicanálise de forma alternativa e interativa no intuito de levar o paciente á cura. Uma atividade que trabalha á re-educação e aponta como sugestão o Novo Paradigma da Psicanálise Humanista.
Palavras chave: Don Quixote, Mecanismos de Defesa e o Novo Paradigma na Psicanálise.

INTRODUÇÃO

A flecha ao atingir o alvo ensina ao Arqueiro a forma de como alcançar as metas e os objetivos. Uma estratégia simples que ajuda o Guerreiro na aplicação e no controle do instrumento para atingir a visão do alvo esperado. Uma orientação segura e valiosa que ajuda a corrigir o rumo do objetivo e superar o medo reprimido. Transcorreu o tempo, não se usam mais lanças, mas o Guerreiro continua a lutar pela vida com a mesma garra e coragem de outros tempos. Neste artigo se faz uma pequena analise da obra Don Quixote de la Mancha e os mecanismos de defesa, numa inter-relação com Miguel de Cervantes na Psicanálise. Numa realidade não muito diferente da anterior, pois o mundo mudou. Existem avanços na área social e econômica, mas o ser humano continua-se a correr atrás dos seus sonhos. A lutar contra os monstros e os moinhos de vento para descobrir o verdadeiro sentido na vida.
O Escritor, Dramaturgo e Poeta Espanhol. Miguel de Cervantes Saavedra nasceu em 29 de setembro de 1547, em Alcalá de Henares. Faleceu em 23 de abril de 1616 em Madrid. A partir de 1569 atuou como soldado na Itália. Lutou contra os turcos na Batalha de Lepanto (1571) onde perdeu os movimentos da mão esquerda. O sucesso na vida chega apenas, quando escreve Don Quixote de la Mancha (1605). Uma obra que ironiza a cavalaria ao contar as aventuras e desventuras de Quixote e seu desastrado escudeiro, Sancho Pança.
Dom Quixote de La Mancha[1] é um dos mais famosos personagens da literatura ocidental de todos os tempos. Conhecido como um indivíduo visionário, teimoso, desligados da terra. No ano de 1575, participa de uma expedição  contra Túnis. Preso por um corsário árabe passa cinco anos num cativeiro. De volta á Espanha (1587) escreve cerca de 30 peças de teatro e o seu primeiro livro, A Galatea (1585). Sem êxito na literatura, passa a trabalhar como coletor de impostos. Dividido entre a ilusão e a realidade, Don Quixote é considerado o símbolo do espírito idealista e aventureiro do ser humano. Já Sancho Pança é o arquétipo do lado realista e do bom senso. Antes de morrer, escreve ainda Novelas Exemplares (1613), uma série de 12 pequenas histórias e a segunda parte de Don Quixote (1615). O ápice!
Na analise da obra, estudiosos como Busoni (1958) perceberam que Don Quixote é o próprio Cervantes e a simbologia da sua figura relaciona-se com o próprio processo de Individuação que foi conceituado por Jung (1984) e aplicado a Cervantes. Nesta perspectiva a Individuação[2] não se configura como individualismo, mas como "uma atividade concentrada e dirigida da consciência, que acarretaria, deste modo, um risco de um considerável distanciamento do inconsciente" (JUNG, 1984 p. 139). A individuação trata-se de um processo espontâneo e autônomo, completamente independente de nossa vontade consciente.
Um fenômeno que ocorre em todos nós e não é privilégio dos que tem assistência terapêutica. Assim, percebe-se que o arquetípico da psique do autor consiste em imagens herdadas, sem conteúdos determinados. Sendo estes elementos vazios, uma "facultas praeformandi" com possibilidade de pré-formação a ser preenchida pelo material proveniente da experiência consciente do indivíduo. Sendo assim, "as imagens arquetípicas podem constelar em nossa consciência devido a uma situação existencial." (LIMA)[3] E significá-las.
No processo de individuação o ser humano evolui de um estado infantil de identificação para um estado de maior diferenciação, o que amplia a consciência, viabiliza a autonomia. Dessa forma Jung (1984) entende que este nível de consciencia é a meta para a psique. Sendo que as resistências para favorecer o desenvolvimento do processo de individuação é uma das causas do sofrimento e da doença psíquica, uma vez que o inconsciente tenta compensar a unilateralidade do indivíduo pelo princípio da enantiodromia[4]. Sempre que predominar no ser humano uma tendencia unilateral da vida consciente.